Perdeu “a democracia, o bom senso e o Porto” com a petição que solicita a remoção de “Amores de Camilo”, diz a eleita pelo movimento independente de Rui Moreira. Autarca respondeu “ao tom pérfido” e revelou mensagens trocadas com a própria.
A presidente da Comissão de Toponímia do Porto e deputada do movimento independente, Isabel Ponce Leão defendeu que, com a polémica em torno da remoção da estátua “Amores de Camilo”, perdeu “a democracia, o bom senso e o Porto”.
“Toda esta polémica levantada tomou dimensões nacionais e com isto perdeu a democracia, perdeu o bom senso, foi enxovalhado o escultor, goste-se ou não se goste tem um vasto currículo e obra pública por todo o país, e sobretudo, o que é mais grave, perdeu o Porto”, afirmou Isabel Ponce Leão, durante a sessão da Assembleia Municipal, que decorreu na segunda-feira à noite.
A presidente da Comissão de Toponímia e deputada eleita pelo movimento independente de Rui Moreira considerou ainda que a petição que solicita a remoção da estátua “Amores de Camilo” do Largo Amor de Perdição “configura um poder censório”.
“Essa petição assinada pelos tais ilustres e notáveis, que é uma designação que me parece absolutamente pífia e antidemocrática, solicita a remoção da escultura oferecida ao Porto por Francisco Simões (…). É uma censura suspeita porque aparece 11 anos da escultura lá estar e o epílogo de má obra de arte cabe a muitas outras estátuas, esculturas que estão em Portugal e no Porto”, referiu.
A deputada, que há 11 anos esteve envolvida nas comemorações do “Amor de Perdição”, considerou também que o argumento de “ofensa ao pudor e dignidade” configura ignorância dos subscritores da petição.
“A escultura homenageia sim, a obra ‘Amor de Perdição’, cujas heroínas são Teresa e Mariana e nada tem a ver com Ana Plácido, nem na ficção nem na vida real (…). Ana plácido, mulher superior, rir-se-ia de tudo isto”, acrescentou, dizendo ainda não pôr de parte a existência de “interesses submarinos” nesta matéria.
“Apelo a uma mordaça e ao não debate”, diz autarca
Depois de algum tempo em silêncio, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse não poder não deixar de responder “ao tom pérfido, nem à calunia” de que foi vítima por parte da deputada.
Defendendo que Isabel Ponce Leão protagonizou um “apelo a uma mordaça e ao não debate”, o autarca independente revelou mensagens trocadas com a própria sobre a remoção da escultura.
“Não costumo revelar conversas por escrito que tenho com pessoas, mas neste caso sinto-me obrigado a fazê-lo porque a senhora deputada, na quinta-feira passada, mandou-me uma mensagem e disse que queria falar comigo e falamos, mas houve uma coisa que a senhora deputada escreveu”, começou por dizer.
“Peço desculpa, mas vou ter de citar, diz assim: ‘não que goste dela, mas passado 11 anos tudo isto é um ataque ao seu principal promotor e ao Dr. Rui Rio (…). A ser retirada, terá de se pensar noutros mamarrachos que proliferam pelo Porto por uma questão de equidade”, citou o autarca.
Porto em guerra: ficará Camilo no Largo Amor de Perdição?
Em causa está a retirada da estátua “Amores de Camilo” do Largo Amor de Perdição, na sequência de uma petição que a considera “pornográfica”, com 37 signatários, entre os quais artistas, advogados, curadores e políticos, conforme noticiou o jornal Público na quarta-feira.
Mário Cláudio, a vereadora da CDU na autarquia Ilda Figueiredo e o advogado e ex-político do CDS António Lobo Xavier estão entre os signatários, que justificam o desejo de retirada da estátua com o “desgosto estético” e a “desaprovação moral”.
“O grande amor de Camilo foi Ana Plácido, cuja memória não merece o ultraje de se pôr o génio do “Amor de Perdição” e das “Novelas do Minho”, abraçado a um exemplar mais ou menos pornográfico“, apontam os autores da petição.
Assim, pedem “o favor higiénico de mandar desentulhar aquele belo Largo de tão lamentável peça”, para ser despejada “onde não possa agredir a memória de Camilo”.
Na sequência da petição, o presidente da Câmara do Porto afirmou na sexta-feira que iria, por decisão própria, retirar a estátua, mas horas mais tarde, recuou na intenção porque a doação e instalação da escultura naquele espaço foram aprovadas pela autarquia em 2012.
“Ao contrário da informação que estava na posse do presidente da Câmara do Porto, a doação [da estátua] previa também a colocação da estrutura no Largo Amor da Perdição, doação essa que tinha sido aprovada pelo Executivo Municipal em 2012”, referiu a autarquia numa nota enviada à Lusa.
Já há uma nova petição que apela à não retirada. Em poucas horas, esta iniciativa juntou mais de 2 mil assinaturas.
O autor desta petição cuja identidade é desconhecida nota que a estátua existe “há 11 anos” e que Camilo surge abraçado a uma jovem nua “nada pornograficamente”.
“O homem estar vestido e a mulher estar nua, não tem que parecer, só agora, ao fim de 11 anos, que se trata de uma humilhação da mulher desnuda em favor de um homem vestido. Não pareceu na altura, não parece hoje“, aponta-se na petição.
A escultura, da autoria de Francisco Simões, está instalada há 11 anos no Largo Amor de Perdição e representa o autor Camilo Castelo Branco abraçado a uma jovem nua, retratando Ana Plácido.
ZAP // Lusa
Mas, afinal, o puritanismo só emergiu ao fim de 11 anos?
Creio que em 2012, os agora “signatários” do pedido de retirada da estátua já eram “maiores”!
Porquê só agora?
Deixem os inertes permanecerem inertes.
Afastem-se os vivos que estão a mais na nossa sociedade, principalmente os que se encontram em lurares de relevo para se servirem.
Se aquele é o largo “Amor de Perdição”, a estátua é o símbolo desse amor, nada mais. Uma palavra de gratidão ao escultor. O resto é treta e pelintragem. Essa comunista Ilda deveria é ter pudor do que o seu ideólogo russo está a fazer na Ucrânia.
Não se deve dar ouvidos a tolos e ultimamente os tolos andam a ter muito palco.
Se fosse uma marcha LGBT, com pessoas seminuas aos beijos e apalpadelas já era porreiro, pá! Mandem colocar roupa nas pinturas e esculturas da antiguidade clássica ou do renascimento…