UE está a planear uma decisão “sem precedentes” contra Orbán

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EPP / Flickr

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão boicotar uma cimeira organizada pela Hungria para participarem numa cimeira semelhante organizada pelo chefe da diplomacia do bloco europeu.

Numa manobra diplomática significativa, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia estão prestes a boicotar a cimeira planeada pela Hungria em Budapeste, optando, em vez disso, por participar numa reunião rival organizada pelo chefe da política externa da UE, Josep Borrell.

Esta decisão é descrita pelo Politico como “sem precedentes” e surge como uma resposta direta à crescente frustração de Bruxelas com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que têm alienado cada vez mais outros líderes da UE.

A Hungria, que atualmente detém a presidência rotativa do Conselho da UE, agendou uma cimeira de assuntos estrangeiros em Budapeste para os dias 28 e 29 de agosto. Este evento era visto como uma oportunidade crucial para Orbán influenciar a agenda de política externa da UE e para o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Péter Szijjártó, ganhar destaque.

No entanto, as ações unilaterais recentes de Orbán, como o recente bloqueio da ajuda à Ucrânia e os encontros com Vladimir Putin e Xi Jinping, levaram os outros ministros da UE a procurar formas de evitar dar legitimidade ao que consideram como mais um esforço de propaganda de Orbán.

De acordo com três diplomatas da UE com conhecimento direto do plano, Borrell convocará um “conselho formal” de assuntos estrangeiros ao mesmo tempo que a cimeira de Orbán. Os diplomatas, que pediram anonimato devido à natureza sensível do movimento, indicaram que esta reunião paralela impediria efetivamente os ministros de participarem no evento de Budapeste.

Esta decisão segue-se a uma reunião tensa no início deste mês, onde o enviado da Hungria à UE, Bálint Ódor, enfrentou duras críticas dos seus colegas.

“Se houver um conselho formal de assuntos estrangeiros, organizado pelo alto representante [Borrell] no mesmo dia, os ministros não poderão ir a Budapeste”, disse um dos diplomatas. Outro diplomata acrescentou que boicotar a reunião de Budapeste enviaria “um sinal claro de que a Hungria não fala pela UE“.

O fosso entre a Hungria e o resto da UE tem-se aprofundado ao longo dos anos, particularmente sob a liderança de Orbán. A Hungria tem sido acusada de retroceder nas normas democráticas e no Estado de direito, com políticas duras contra o acolhimento de refugiados, medidas discriminatórias contra a população LGBT e com a proximidade à Rússia.

Órban tem também frequentemente bloqueado a aprovação de pacotes legislativos importantes para pressionar a UE a ceder em assuntos não relacionados. Bruxelas já chegou várias vezes a ameaçar cortar os fundos europeus a Budapeste.

A decisão de boicotar a cimeira de assuntos estrangeiros da Hungria surge depois de apenas sete ministros do bloco europeu terem aparecido numa reunião recente em Budapeste para discutir a política industrial, num sinal notável do conflito entre a liderança húngara e os restantes países.

A equipa de Borrell já discutiu informalmente o plano da reunião alternativa com vários países-chave da UE, incluindo a França e a Alemanha. O plano será formalmente apresentado aos 27 representantes permanentes da UE na quarta-feira.

Adriana Peixoto, ZAP //

9 Comments

  1. O que não entendo é porque esse Viktor, aliado indefectível do imperador russo, continua a estar na UE, onde tem acesso a assuntos confidenciais que eventualmente poderão ser transmitidos ao seu amigo russo. Um aitêntico e perfeito Cavalo de Tróia que já devia ter sido expulso da UE.

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  2. Que malvadou OUSOU tentar diplomacia ??? Ousou em pensar acabar com a guerra? como se atreve??

    Queremos é testar e vender armas.. e se possivel tentar enfraquecer a Russia, e ganhar contratos bilionarios para a reconstrução da Ucrania
    Espero que ninguem note que todo o dinheiro enviado para a Ucrania vai acabar na mãos das multinacionais e os barões da guerra e que pensem que é para a população, mas basta usar uma bandeira Ucraniana no fato e já sou uma pessoa boa

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  3. “A Hungria tem sido acusada de retroceder nas normas democráticas e no Estado de direito, com políticas duras contra o acolhimento de refugiados, medidas discriminatórias contra a população LGBT e com a proximidade à Rússia.”

    A UE é cada vez mais isto, um grupo em que cada membro tem de ser um escravo ideológico de meia dúzia de corruptos. Sim, corruptos. A von der Leyen (presidente da Comissão Europeia) negociou 1.8 mil milhões de vacinas com a Pfizer por auto recriação, num negócio que podia chegar ao 35 mil milhões de euros. A Christine Lagarde (ex diretora do FMI e atual presidente do BCE) foi considerada culpada num esquema de corrupção. São estas as pessoas que mandam na UE. São estas as pessoas que querem ditar o que o país A ou B deve fazer. Senhores leitores, lembram-se de alguma vez terem votado para estes personagens estarem nos cargos que estão?

    Nenhum país devia ser obrigado a receber refugiados sob a ameaça de ser multado (é o que está a acontecer à Hungria).

    Aceito a não descriminação da comunidade LGBTQIA+, mas não me esfreguem isso na cara a toda a hora nem me tentem converter. Forçar isso na cultura de um país também não é o caminho certo.

    Quanto à proximidade da Rússia, qualquer país é livre de negociar com quem quiser. Alguém pergunte a esses senhores porque é que se continua a comprar gás da Rússia através da Turquia. Aí já não há problema.

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  4. Os senhores que têm ocupado os tachos na UE devem compreender que o tempo deles está a sofrer muitas alterações. As direitas e estremas direitas hão de tomar o poder e correr com eles. Deixar entrar toda gentinha que quer entrar? Onde é que isso já se viu? Eu no meu país, onde nasci e trabalhei sempre, já me sinto um intruso. Da minha cor já não existe quase ninguém. Não ficaram fartos de ser explorados pelos brancos e escravizados? Agora querem vir para a Europa? Querem vir para trabalhar ou para receber subsídios e chegarem à maioria (que já não falta muito) e depois fazerem cá aos os brancos o que fizeram em África?

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  5. O que move a continuidade da guerra Ucrânia/Rússia? Não desejam a PAZ? Porque é que Urban não pode tentar a Paz?
    Energéticamente, a Europa depende da Rússia (que continua a facturar), de fosfatos e cereais, também.
    Há bloqueio económico à Russia? Só na propaganda, claro. E, por exemplo, no sector automóvel, a quota de mercado das marcas europeias foi preenchida por marcas chinesas.
    Quem perde com a guerra são, exclusivamente, os países da UE.

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  6. Ô fofinho Baosafu Dehr entao a democracia deixa de ser para os assuntos de pensamento pessoal, vamos la falar em Paz e União e nao em desertificação.

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