Adeus EUA, olá exército europeu. UE dá primeiro passo para criação de força com 5 mil tropas até 2025

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Malte Christians / EPA

Soldados franceses em patrulha junto à Torre Eiffel, em Paris

Os Ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros dos 27 estiveram reunidos durante dois dias para discutir a criação de uma força europeia. Gomes Cravinho fechou-se em copas e não deu detalhes sobre a posição portuguesa.

É uma ideia antiga que está mais perto de tornar realidade. Os Ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros dos 27, com a crise entre a Bielorrússia e a Polónia como pano de fundo, reuniram-se em Bruxelas para discutir a criação de uma força militar conjunta que pode ter até 5 mil tropas até 2025.

Este exército europeu pretender acabar com a dependência da UE dos Estados Unidos para a intervenção em crises e deve abranger forças na terra, mar e ar que podem ser trocadas dentro de cada força permanente, dependendo do problema que esteja em causa.

O alto representante para a Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, acredita que a UE precisa de tomar decisões “mais rapidamente, com maior robustez e flexibilidade” quando se trata da intervenção em situações como a actual na fronteira da Polónia ou a crise humanitária causada pela saída das tropas da NATO dos Estados Unidos em Agosto.

“Temos de poder responder a ameaças iminentes ou reagir rapidamente a situações de crise, por exemplo, uma missão de resgate e evacuação ou uma operação de estabilização num ambiente hostil. Aumentar as capacidades militares da União Europeia é uma forma de aumentar e reforçar a segurança global, o elo transatlântico, em complemento da NATO”, argumenta, citado pela Reuters.

Foi precisamente por essas razões que a Comissão Europeia trouxe à discussão a “Bússola Estratégica“, um documento que deve orientar a política de defesa do bloco europeu e que já planta as sementes para a criação de um exército conjunto.

O plano começou a ser debatido na segunda-feira à noite, tendo também sido tema de discussão na terça-feira, espera-se que o documento final esteja pronto até Março de 2022.

A “Bússola Estratégica” seria uma versão europeia parecida com o “Conceito Estratégico” da NATO, que define os objectivos da aliança transatlântica.

Ainda nada está fechado, mas Borrell já se mostrou satisfeito com o progresso alcançado até agora na reunião, que conseguiu “um amplo apoio de ministros (da Defesa e dos Negócios Estrangeiros), que expressaram a sua prontidão para continuar a trabalhar activamente”.

A nova tentativa de avanço com um exército europeia surge 20 anos depois dos líderes da União Europeia terem concordado na criação de uma força com entre 50 mil e 60 mil tropas, os chamados “Battle Groups“. No entanto, a proposta não chegou a sair do papel e tornar-se operacional.

Há sinais mais animadores desta vez, com a Itália e a França, dois pesos pesados militares entre os 27, a mostrarem-se abertos à nova tentativa.

“O documento combina um ambição de alto nível mas também já tem propostas operacionais concretas. É um bom equilíbrio“, revelou a Ministra das Forças Armadas francesa, Florence Parly.

O seu homólogo italiano, Lorenzo Guerini, acredita que a força europeia complementaria o trabalho da NATO e reforçaria as relações transatlânticas. Resta saber ainda a posição da Alemanha, que deve ser anunciada em breve e pode ser decisiva.

A proposta não exige que todos os estados-membros participem no projecto, mas o envio das tropas exigiria consenso. Há agora 60 projectos militares conjuntos da UE para armamento e outras colaborações em desenvolvimento, tendo mais 14 sido aprovados na terça-feira, revelou Borrell.

Já sobre a posição portuguesa relativamente à proposta, nada se sabe. O Expresso avança que João Gomes Cravinho recusou falar com os jornalistas durante o encontro de dois dias em Bruxelas, dizendo que não tinha disponibilidade, numa altura em que a sua tutela do Ministério da Defesa está a ser criticada por não ter informado previamente António Costa ou Marcelo Rebele de Sousa das suspeitas de tráfico de diamantes e ouro de tropas portuguesas na República Centro-Africana.

Adriana Peixoto, ZAP //

5 Comments

  1. A china, a russia, e outros ditadores andam a armar-se, isso obriga a UE a armar-se também.. Na cabeça destes ditadores deve reinar a loucura total…..

  2. É evidente que ou a Europa adquire os meios para se defender, ou vai andar sempre a reboque do belicismo americano e a participar em loucuras como a do Afeganistão. Com 450 milhões de habitantes e um alto nível de prosperidade, por que raio é que a Europa precisa dos americanos para garantir a sua defesa? E por que razão continuamos a antagonizar a Rússia? É só para agradar aos americanso? Por mim, já chega de vassalagem aos EUA…

    • Não… É mesmo porque a Rússia é uma nação de bandidos e criminosos. Viva a UE e os valores do mundo Ocidental!

      De resto acho bem esta iniciativa. Já é tempo da UE deixar de ser um protectorado dos EUA. Aliados ainda tudo bem… Até porque é porreiro ter as costas quentes ao pé da Russia e da China. Mas já é tempo da UE não ser uma autêntica desmilitarizada. Sobretudo agora que o Reino Unido saiu, já que era o país mais militarizado da Europa.

      Claro que a nódoa do Cravinho não se pronuncia… Tal como também se fechou em copas sobre os diamantes.

      • Também já era tempo de deixarem de espalhar o mito de que a Europa está desmilitarizada!!
        A EU é a 2a potência militar mundial, apenas superada pelos EUA
        O país mais militarizado da Europa é a França seguido do UK e da Itália.

        O Cravinho tem sido um ministro da Defesa bastante competente e não tem que se pronunciar sobre assuntos que devem ser tratados fora do circo mediático.

  3. Já ontem era tarde!…
    A Rússia está aqui a lado, além da China, etc, etc…
    Claro que os EUA não vão gostar da ideia porque vão perder influência e muitos biliões…

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