Ucraniano segue lenda da avó e encontra cavernas medievais

Dmytro Perov

Um conservacionista ucraniano encontrou um sistema de cavernas em Kiev, perto da sua antiga casa de família, graças a uma “lenda” contada pela sua avó.

O boca-a-boca acabou de levar uma descoberta arqueológica notável numa cidade que está a ser profundamente abalada pela guerra. Dmytro Perov, conservacionista do Centro de Desenvolvimento Urbano de Kiev, descobriu um sistema de cavernas medievais perdido junto à antiga casa da sua avó, bisavó e tetravó.

As cavernas continham inscrições e fragmentos de cerâmica do final da era da Rússia de Kiev — uma confederação de tribos eslavas do Leste Europeu dos séculos IX ao XIII. Na sua maior extensão em meados do século XI, o estendia-se do mar Báltico no norte ao mar Negro no sul e do cordão do Vístula no ocidente à Península de Taman a leste, unindo a maioria das tribos eslavas de leste.

“Em 1919, os comunistas vieram e fizeram um ‘selamento’; instalaram a família num quarto do andar de cima e ocuparam os demais quartos. A minha avó e a minha bisavó moraram lá até 1979”, conta Perov, ao site ucraniano Rubryka.

As suas antepassadas foram despejadas em 1980, porque a casa caiu sob o decreto de liquidação de moradias obsoletas. O Estado queria “limpar” Kiev na véspera dos Jogos Olímpicos de 1980 porque parte da competição foi realizada lá.

Desde pequeno, Dmytro Perov foi informado sobre os seus familiares e a sua casa. Foi nestas histórias que mencionaram a existência de uma caverna antiga.

“Mas era mais como uma lenda infantil”, recordou o ucraniano, citado pela revista Galileu. “Ninguém sabia onde estava localizada. Morávamos numa área diferente, mas nunca explorei a propriedade ou o terreno próximo dela”.

Ainda assim, Perov e um grupo de amigos aventurou-se e foi até à antiga casa para procurar a tal caverna. Foi assim que identificaram a entrada do complexo, que tem quatro cavernas.

Dmytro Perov

“Demoramos cerca de meio dia para procurar, exploramos a área à volta da casa e encontramos uma brecha escondida atrás da parede”, explicou o conservacionista.

Depois de entrarem lá dentro depararam-se com paredes com cerca de 35 metros de comprimento, decoradas com pinturas.

Perov e companhia encontraram imagens de animais nas paredes das cavernas — por exemplo, a runa Algiz (ou “pé de galinha”), que os antigos vikings usavam como símbolo de proteção e vida.

Daniel Costa, ZAP //

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