Um terço dos tuvaluanos quer sair do país. A culpa é de um visto nunca antes visto

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O primeiro visto de sempre motivado pelas alterações climáticas não chega para os habitantes de Tuvalu, que terão de escapar do seu país de origem se quiserem continuar a ter um espaço para viver.

Tuvalu está a desaparecer — os seus habitantes sabem-no. É por isso que um terço da sua população já submeter o formulário de emigração para a Austrália. Em causa está aquilo a que o governo australiano chama de um visto único no mundo, motivado pelas mudanças climáticas.

Com a subida do nível do mar, a nação de Tuvalu está literalmente a desvanecer-se, perdendo território a cada ano que passa. Segundo o Primeiro-Ministro de Tuvalu, Feleti Teo, mais de metade do território do país será regularmente inundado por marés até 2050.

!Consegue imaginar-se na minha posição, como Primeiro-Ministro de Tuvalu, a planear o desenvolvimento, a pensar nos serviços básicos para o nosso povo, e ao mesmo tempo confrontado com previsões tão alarmantes e perturbadoras”, disse este mês Teo, na Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos.

Ao abrigo deste novo regime, a Austrália aceitará 280 candidatos selecionados por sorteio aleatório entre julho e janeiro de 2026. No entanto, num país com quase 10 mil habitantes e onde mais de 3 mil se candidataram, o número de vagas é, no mínimo, insuficiente.

Para além disso, Tuvalu está entre um grupo de 36 países que a administração Trump está a considerar adicionar à lista de proibição de entrada nos EUA.

Agora, diz a a Ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Penny Wong, num comunicado citado pela CNN, “a abertura do Falepili Mobility Pathway concretiza a nossa visão comum de mobilidade com dignidade, ao proporcionar aos cidadãos de Tuvalu a oportunidade de viver, estudar e trabalhar na Austrália à medida que os impactos climáticos se agravam”.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

5 Comments

  1. -Que tenham muita sorte para onde forem
    -Que a nossa sociedade comece a levar a sério os problemas causados pelas alterações climáticas, e que tenhamos como combater as politicas que servem apenas o capitalismo e seus grandes jogadores
    -Que o resto do mundo comece a fechar da mesma forma a porta aos EUA, se querem estar isolados que fiquem e/ou voltem lá no cantinho deles que até tem espaço para eles todos

    • De facto o mundo adora odiar os EUA. A China polui 3x mais que os EUA, mas vamos é focarmo-nos nos EUA. Normalmente a resposta, quando faço este comentário, é que temos que analisar per capita porque a China tem mais habitantes. Tudo bem. Quando analisamos per capita, Canadá e Austrália são mais poluentes que os EUA. Mas nunca ninguém critica esses países por isso, ou pelo menos não tanto quanto se critica os EUA.

  2. Nos anos 90, havia estudos semelhantes a vaticinar que em 30 anos as Maldivas estariam submergidas. Não aconteceu. Agora as Maldivas já não interessam, o foco agora é Tuvalu. Cá estaremos daqui a 25 anos em 2050. Nessa altura a nova geração vai arranjar outra coisa qualquer com que se preocupar.

    • Tuvalu tem uma altura média, acima do nível da água do mar, inferior a 2mt. Tuvalu não vai desaparecer, está progressivamente a desaparecer e sem recursos económicos para fazer face a este ‘ataque’ continuado da subida do nível da água do mar, irá efetivamente desaparecer.

      Pense apenas no que aconteceu a parte da costa Portuguesa em 30 anos. Agora imagine um pais inteiro, em que a elevação média é parecida com uma praia Portuguesa. Não é difícil perceber o que vai acontecer, pois não?

      • As Ilhas Maldivas têm uma elevação média de 1.5m, e um máximo de 5m. E ainda lá estão, 30-40 anos depois de ter sido vaticinado que iriam desaparecer em 30 anos.
        O que é que aconteceu à Costa Portuguesa? Recuo da areia, erosão, construção humana em cima da praia, etc., nada disto está relacionado com subida das águas do mar. Frequento praias hoje que já frequentava há 40 anos. Estão iguais.

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