Afinal, “E Tudo o Vento Levou” não sai do catálogo da HBO. Vai ter contextualização histórica

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(dr) HBO

Afinal, o filme não vai sair em definitivo do catálogo da plataforma de streaming HBO Max nos Estados Unidos. Trata-se de uma pausa, para que seja incluída contextualização histórica ao filme de 1939.

Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a WarnerMedia, detida pela AT&T e que opera a HBO Max, classificou o filme “E Tudo o Vento Levou” como “um produto do seu tempo” que retrata preconceitos raciais.

“Estas representações racistas eram erradas naquela época e são erradas hoje, e achamos que manter este filme [disponível na plataforma] sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria irresponsável“, lê-se no comunicado, citado pela agência Associated Press.

De acordo com a empresa, quando o filme de 1939 regressar à HBO Max, irá incluir “contexto histórico e uma denúncia dessas mesmas representações, mas será apresentado tal como foi criado, porque fazer o contrário seria o mesmo que alegar que esses preconceitos nunca existiram”.

Os protestos antirracismo, que começaram nos Estados Unidos, devido à morte do cidadão afro-americano George Floyd às mãos da polícia, e que se espalharam por todo o mundo, forçaram as empresas de entretenimento a analisar produções atuais e passadas.

Na terça-feira, o jornal norte-americano Los Angeles Times incluiu um artigo de opinião do escritor norte-americano John Ridley, no qual apelava à retirada do filme da HBO Max, alegando que “glorifica” a escravatura durante a Guerra Civil dos Estados Unidos. “Ignora os seus horrores e perpetua os estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor”, escreveu.

“E Tudo o Vento Levou”, baseado no livro com o mesmo nome de Margaret Mitchell, publicado em 1936, é um romance histórico, que tem como figuras centrais Scarlett O’Hara (interpretada por Viven Leigh) e Rhett Butler (Clark Gable).

O período histórico no qual se desenvolve a ação é um capítulo ainda controverso na sociedade norte-americana, já que os Estados dos Sul queriam proclamar a independência, negando-se a abolir a escravatura.

Desde que surgiu, o filme foi várias vezes criticado por incluir personagens escravos que se mantêm leais aos seus proprietários após a abolição da escravatura.

Vencedor de oito Óscares, incluído o de Melhor Atriz Secundária para Hattie McDaniel (que se tornou na primeira mulher negra a ser nomeada e a ganhar uma estatueta dourada) , “E Tudo o Vento Levou” continua a ser o filme mais rentável de sempre, quando ajustado à inflação.

Quando a atriz Hattie McDaniel ganhou o Óscar pela interpretação de uma escrava, teve de sentar-se na cerimónia separada do restante elenco do filme, devido às leis de segregação racial.

Programas televisivos cancelados

Outros filmes que foram sinalizados de forma semelhante são “O Nascimento de Uma Nação” (1915) e “A Canção do Sul” (1946), apagada do catálogo da Disney e alvo de protestos desde o dia da estreia, sob acusações de ridicularizar a população negra e justificar a escravatura.

O canal de televisão Paramount Network confirmou, esta quarta-feira, que não emitirá mais entregas do reality show policial “Cops”, estreado em 1989 como um formato que gravava agentes em operações reais. A emissão tem sido acompanhada de polémicas por “glorificar” o trabalho dos polícias, além de “estereotipar” os perfis da criminalidade, segundo grupos civis.

A estação de televisão A&E também anunciou, esta quinta-feira, que cancelou o programa policial “Live P.D.”. “Este é um momento crítico na história da nossa nação e tomámos a decisão de acabar com a produção de ‘Live P.D.’ ao vivo”.

O programa está na origem de uma nova polémica, envolvendo um afro-americano de 40 anos que morreu em Austin (Texas) durante uma intervenção policial violenta, em março de 2019.

As imagens, filmadas pelo “Live P.D.”, só foram divulgadas nesta segunda-feira, mostrando o momento em que agentes da polícia prendem Javier Ambler. “Não consigo respirar”, disse o afro-americano, tal como George Floyd, que está na origem de uma vaga de protestos nos Estados Unidos.

Nas imagens agora divulgadas pela CNN, ouve-se Ambler avisar a Polícia de que sofre de insuficiência cardíaca.

A estação de televisão A&E tinha dito em comunicado anterior que as imagens nunca tinham ido para o ar, por mostrarem uma morte, e que tinha destruído as imagens, quando foi informada de que a investição tinha sido arquivada, afirmando que as filmagens nunca lhes foram pedidas pelos procuradores.

A britânica BBC retirou da sua plataforma de streaming episódios da série de humor “Little Britain”, que incluíam um personagem com ‘blackface’ (quando um caucasiano pinta a cara de preto para representar alguém de raça negra).

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Cada vez mais loucos estes racistas – que, supostamente, são anti-racistas!…
    Então o filme onde, pela PRIMEIRA vez, uma atriz preta ganha um Oscar, vai fazer uma pausa para “contextualização histórica”?!
    Será que não há ninguém na HBO com o mínimo de bom senso??
    Também devem estar com o intelecto em pausa!…
    Enfim…

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