Presidente eleito insinua que a China está a exercer influência sobre o canal, fundamental para as empresas dos EUA: 5% do tráfego marítimo mundial passa por lá. Anexar a Gronelândia também é “necessidade absoluta”.
Donald Trump, que tomará posse como líder dos EUA no dia 20 de janeiro, queixou-se ao longo do passado fim-de-semana de taxas que descreveu como ridículas e da gestão do Canal do Panamá, ameaçando exigir a devolução se os princípios “morais e legais” não forem respeitados.
“Só ao Panamá cabia geri-lo, não à China ou a qualquer outro país”, escreveu o bilionário na sua rede social, Truth Social. “Não deixaríamos e NUNCA deixaremos que caia nas mãos erradas!”, acrescentou.
O Canal do Panamá é uma via marítima vital para as empresas e interesses norte-americanos que o usam para transportar mercadorias entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
De acordo com as estimativas, cerca de 5% do tráfego marítimo mundial passa pelo canal, que permite aos navios que viajam entre a Ásia e a costa leste dos Estados Unidos evitar um longo e perigoso desvio através do extremo sul da América do Sul.
Em outubro, a Autoridade do Canal do Panamá anunciou que tinha registado receitas de quase 5 mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros) durante o último ano fiscal.
“Este roubo vai parar imediatamente”
Se o Panamá não for capaz de garantir a “operação segura, eficiente e fiável” desta via navegável, “então exigiremos que o canal do Panamá nos seja devolvido, na sua totalidade, e sem discussão”, escreveu ainda Trump.
“A nossa marinha e o nosso comércio estão a ser tratados de forma particularmente injusta (…) As taxas [de passagem] que o Panamá cobra são ridículas”, afirmou o republicano: este “roubo total do nosso país vai parar imediatamente”, prometeu.
O canal foi construído pelos Estados Unidos, que o inauguraram em 1914 e o administraram até à sua transferência total para o Estado panamiano, em 31 de dezembro de 1999, conforme estabelecido nos Tratados Torrijos-Carter, assinados em 7 de setembro de 1977, em Washington, assinado pelo antigo presidente democrata Jimmy Carter.
“Cada metro quadrado pertence ao Panamá”
O Presidente panamiano, José Raúl Mulino, reiterou a soberania do país sob o canal do Panamá e rejeitou a ameaça do presidente eleito dos Estados Unidos: “cada metro quadrado do canal pertence ao Panamá”.
“Cada metro quadrado do Canal do Panamá e da área adjacente pertence ao Panamá e continuará a sê-lo”, uma vez que “a soberania e a independência” do país “não são negociáveis”, disse Mulino, no domingo.
Após as declarações de José Raúl Mulino, Donald Trump escreveu na sua rede Truth Social “Veremos!” e, minutos depois partilhou a imagem de uma bandeira norte-americana com a legenda: “Bem-vindos ao canal dos Estados Unidos”.
China reagiu em defesa do Panamá
A China assegurou que o Canal do Panamá “é uma grande criação do povo panamiano”, em referência à ameaça do presidente eleito dos Estados Unidos.
A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que a China “sempre respeitou a justa luta do povo panamiano pela soberania” sobre a via de transporte.
Mao recordou que “houve manifestações em grande escala na China já na década de 1960 para mostrar forte apoio ao povo panamiano”.
“Acreditamos que, sob a gestão eficiente do Panamá, o canal continuará a dar novas contribuições para facilitar a integração e o intercâmbio entre os diferentes países”, acrescentou a porta-voz, referindo-se às declarações do presidente panamiano.
Esta não é a primeira vez que o magnata do imobiliário se mostra contra a devolução do Canal do Panamá. A 11 de março de 2011, a Cidade do Panamá declarou Trump ‘persona non grata’, na sequência de uma entrevista durante a qual Trump afirmou que os Estados Unidos foram “estúpidos” ao oferecer o canal a troco de nada.
Anexar a Gronelândia: “necessidade absoluta”
O Presidente-eleito dos EUA disse ainda que os EUA “têm que ser donos e controlar a Gronelândia”, por motivos de segurança — uma posição que tem vindo a reforçar há anos, desde o seu primeiro mandato na Casa Branca.
“É uma necessidade absoluta“, afirmou Trump, numa publicação em que anunciou que Ken Howery, co-fundador do Paypal, será o embaixador norte-americano na Dinamarca, que não tem, ao longo dos anos, gostado da ideia de Trump.
A Gronelândia, situada no continente da América do Norte, é administrada pela Dinamarca.
As autoridades dinamarquesas sempre rejeitaram a ideia de os EUA comprarem — ou até trocarem — o território, afirmando que a Gronelândia não estava à venda, o que chegou a levar Trump a cancelar uma visita de Estado planeada para a Dinamarca na altura.
ZAP // Lusa
Está a entrar no modo putin?
Mais 2 exemplos da prepotência e ganância do Pato Trampas. É preciso muita lata – e muita força contra os pequenos, nestes caso Panamá e Dinamarca.
A prepotência não parece ter limites… Não tarda exige os Açores e a Madeira.
cale-se
Tiques ditatoriais á Putin ou XI jiping
Parece que não são assim tão diferentes