Os resultados das eleições primárias em cinco estados mostraram que o ex-presidente Donald Trump continua a ter um domínio significativo sobre o partido republicano, mas há sinais de erosão a três meses das eleições intercalares.
As primárias desta semana determinaram os candidatos que vão a votos nas intercalares de novembro no Arizona, Kansas, Michigan, Washington e Missouri, e deram vitórias incisivas a vários candidatos ‘MAGA’ [‘Make America Great Again’, ‘Engrandecer Novamente a América’] apoiados por Donald Trump.
O caso do Arizona foi especialmente relevante, com quatro candidatos republicanos que negam a legitimidade da eleição de Joe Biden a avançarem: Kari Lake na corrida a governadora, Mark Finchem para secretário de Estado, Blake Masters para o Senado e Paul Gosar para congressista do 9º distrito.
Finchem e Masters são seguidores do movimento conspiracionista QAnon.
Também no Michigan avançou Tudor Dixon para governadora e no Kansas venceu Derek Schmidt na corrida a governador, além de John Gibbs ter derrotado o incumbente Peter Meijer no 3º distrito do Arizona, depois de este ter votado a favor do ‘impeachment’ de Donald Trump.
“Em muitas partes do país, o controlo de Trump sobre o partido republicano continua a parecer muito seguro”, disse à Lusa o cientista político Thomas Holyoke.
A plataforma FiveThirtyEight contabilizou perto de duas dezenas de candidatos que avançaram nas primárias republicanas e são promotores da ideia falsa de que a eleição de 2020 foi fraudulenta.
Em quatro estados-chave (Arizona, Michigan, Nevada e Pensilvânia), os oficiais que irão supervisionar os resultados eleitorais em 2024 poderão ser ‘negacionistas’ de Joe Biden.
“Pelo menos entre os eleitores mais fiéis do partido, aqueles que costumam votar nas primárias, a influência de Trump parece ser muito forte”, indicou Holyoke.
No entanto, apesar das vitórias dos candidatos “MAGA”, o especialista sublinhou que estão a surgir sinais de erosão.
“Em termos gerais, há sondagens que revelam o que parece ser algum decréscimo de apoio entre os republicanos, pelo menos no que toca à perspetiva de ele voltar a ser o candidato presidencial em 2024”, frisou.
Em julho, uma sondagem do New York Times/Siena College mostrou que 64% dos eleitores republicanos com menos de 35 anos disseram que votariam contra Trump numa primárias presidenciais.
No mesmo mês, uma sondagem SSRS para a CNN revelou que o partido republicano sofreu uma quebra de 15 pontos percentuais nas intenções de voto junto de eleitores acima dos 65 anos.
Holyoke apontou para quão próximos foram os resultados entre a candidata apoiada por Trump, Kari Lake, e a candidata apoiada pelo ex-vice-presidente Mike Pence, Karrin Taylor Robson, nas primárias para o cargo de governador.
“O facto de a corrida no Arizona ter sido tão renhida significa que há muitos republicanos que não estão dispostos a votar nos candidatos que Trump apoia”. Lake acabou por vencer com 46,8% contra 44% de Taylor Robson.
O cientista político também frisou que alguns dos republicanos que votaram a favor do ‘impeachment’ de Trump, incluindo o luso-descendente David Valadão na Califórnia, vão sobreviver politicamente pelo menos até à eleição geral.
As intercalares de novembro irão determinar o controlo do congresso e as perspetivas de que os republicanos voltariam ao poder estão a alterar-se. O partido de Trump é o favorito para retomar o controlo da Câmara dos Representantes, mas nas últimas semanas os democratas tornaram-se favoritos para manterem o Senado.
Com candidatos mais extremistas do lado republicano, os democratas acreditam que podem conseguir melhores resultados do que estava previsto.
Foi por isso que nalgumas corridas, como no Michigan, embarcaram numa estratégia controversa de canalizar financiamento para republicanos extremistas nas primárias. É, disse Holyoke, um plano “arriscado”.
Haverá primárias a decorrer em vários estados até setembro, com as intercalares marcadas para 8 de novembro.
Os meios estarão particularmente atentos às primárias no Wyoming a 16 de agosto, com a congressista Liz Cheney a enfrentar uma possível derrota devido à sua vice-liderança da comissão parlamentar que investiga o assalto ao Capitólio e a conduta de Donald Trump.
Em 2020, a congressista republicana tinha sido reeleita com 73,5% dos votos.
// Lusa
Torna(r) a América Grande de Novo parece-me uma tradução mais adequada para MAGA. Mike Pence nunca foi presidente, mas sim vice-presidente.
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.