França. Tribunal condena 11 pessoas por assédio a jovem que publicou vídeos anti-islâmicos

Um tribunal de Paris, na França, condenou 11 pessoas por assediarem uma jovem devido aos vídeos anti-islâmicos que esta publicou, num caso que gerou debate no país sobre a liberdade de expressão e o direito de insultar religiões.

A jovem, conhecida como Mila, teve que mudar de escola e recorrer a proteção policial por causa de ameaças de morte. O tribunal julgou 13 pessoas, com idades entre 18 e 30 anos, de várias regiões do país, acusadas de assediarem a adolescente, que recebeu mais de 100.000 mensagens abusivas – incluindo ameaças de morte -, segundo o seu advogado.

Do grupo de julgados, todos sem antecedentes criminais, onze foram condenados a penas suspensas e alguns a coimas, noticiou na quarta-feira o Guardian.

“As redes sociais são como as ruas”, disse o juiz Michael Humbert na quarta-feira, ao proferir as sentenças. “Quando nos cruzamos com uma pessoa na rua, não a insultamos ou ameaçamos. O que não se faz na rua, não se faz nas redes sociais”, frisou.

Desde que iniciou os seus protestos contra o Islão, em 2020, a estudante se tornou uma figura pública na França – vista pelos apoiantes como uma defensora da liberdade de expressão e pelos críticos como provocadora e islamofóbica.

“Vencemos – e vamos vencer de novo”, disse Mila, de 18 anos, à saída do tribunal. “Quero que nunca mais façamos as vítimas se sentirem culpadas”, sublinhou.

Num primeiro vídeo, publicado no Instagram em janeiro de 2020, Mila, então com 16 anos e assumidamente homossexual, respondeu a um jovem que a terá insultado sobre a sua sexualidade, “em nome de Alá”.

Após o comentário do jovem, Mila utilizou palavras ofensivas para se dirigir ao jovem e ao Islão, juntamente com outros comentários sobre Alá, considerados ofensivos para os muçulmanos. Em novembro do mesmo ano, a adolescente publicou um segundo vídeo.

A lei francesa criminaliza o incitamento ao ódio com base na religião ou raça, mas não evita que as pessoas critiquem ou insultem as crenças religiosas. O Presidente francês, Emmanuel Macron, referiu: “a lei é clara. Temos o direito de blasfemar, de criticar e de caricaturar as religiões”.

Taísa Pagno //

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