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24 Dezembro 1914: a noite em que a I Guerra parou (e até se jogou futebol)

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Ernest Brooks / Imperial War Museums

Soldados britânicos feridos na I Guerra Mundial.

Nenhum soldado queria continuar a guerra, naquela noite. Uma trégua de Natal que não agradou a…Hitler.

28 de Julho de 1914. Alguns já teriam noção de que, naquele dia, iria começar um dos conflitos mais mortíferos em toda a História da Terra.

Obviamente já tinha havido muitas guerras mas aquela recebeu a designação “Grande Guerra”, ou mais tarde I Guerra Mundial.

Ao longo de mais de quatro anos, entre 1914 e 1918, estima-se que tenham morrido quase 15 milhões de pessoas. Morreram quase 60% dos intervenientes no conflito.

No entanto, houve uma noite em que tudo foi diferente.

A I Guerra Mundial parou na noite de 24 de Dezembro de 1914. Os soldados não se esqueceram que aquela era a noite de Natal.

Bélgica e França eram os palcos das batalhas. Havia mortes (milhares) e frio e fome para os que ainda sobreviviam. Havia a necessidade de disparar para não morrer.

Até que, em Yprès, na Bélgica, soldados alemães deixaram a sua trincheira sem armas. Ingleses fizeram o mesmo. Encontraram-se a meio e os alemães explicaram: “Só queríamos desejar Feliz Natal”, contou mais tarde o capitão inglês Sir Edward Husle.

Os alemães mostraram árvores de Natal iluminadas. Os soldados dos países Aliados fizeram o mesmo.

Deixaram de se ouvir tiros. O barulho das armas foi substituído por vozes a cantar músicas de Natal. Dos dois lados. Os inimigos ouviam-se a cantar. Terão mesmo entoado cânticos dedicados aos adversários.

Há também relatos de encontros pessoais, de cumprimentos entre adversários, apertos de mão entre soldados rivais, partilha de cigarros.

Os adversários trocaram prendas, botões de uniformes como recordações e até há quem relate que houve jogos de futebol – junto a centenas ou milhares de cadáveres.

Ali, pelo menos naquela noite, ninguém queria continuar a guerra.

Um momento improvisado, acredita-se: a “trégua de Natal” da I Guerra Mundial.

Poucos dias depois, a guerra retomou. E os oficiais envolvidos na trégua foram duramente punidos pelos seus superiores.

Não há registo de repetição de tréguas de Natal, durante a I Guerra.

Além das punições, houve críticas públicas. Um oficial austríaco, na altura com 25 anos, afirmou: “Este tipo de coisas não deve acontecer durante uma guerra. Não sobra qualquer sentido germânico de honra?”.

O oficial chamava-se Adolf Hitler.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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