Meta: alguém pensa nos traumas dos trabalhadores que analisam vídeos violentos?

“Fica-se marcado para toda a vida”. Empresa processada por funcionários que se queixam de traumas psicológicos.

O Facebook e o Instagram, tal como outras redes sociais, tentam controlar ao máximo o que é publicado.

No caso dos vídeos, não são publicados (em princípio) ficheiros que tenham imagens de violência extrema, abuso sexual, suicídio, pornografia…

Mesmo com muita tecnologia a funcionar, há sempre olho humano neste processo de triagem.

E alguém já pensou nos traumas psicológicos que ficam nas pessoas responsáveis por esse processo?

Há pessoas cuja profissão é exactamente essa: ver vídeos com conteúdo violento.

“Este tipo de conteúdo marca-nos para toda a vida. Não somos máquinas ou computadores sem sentimentos”.

A frase é de Francesc Feliu, advogado de um grupo de trabalhadores que decidiram processar a Meta, empresa proprietária de Facebook e Instagram.

O canal Euronews explica que os funcionários estão a ter sessões com psicólogos, mesmo que já tenham passado cinco anos desde o início da visualização. Alguns têm medo de sair à rua.

Os funcionários dizem que 10 segundos chegam para ver se o vídeo “passa”. Mas a Meta, descreve o advogado, obriga os seus trabalhadores a assistir ao vídeo inteiro para depois terem uma lista de todos os motivos da censura – e isso agrava o trauma.

A Meta responde que há formas técnicas de desfocar ou tirar o som a esse material gráfico, mesmo para esses trabalhadores.

Sem entendimento com a empresa, e porque o dono Mark Zuckerberg acha que as críticas são exageradas, o caso seguiu para tribunal.

Os trabalhadores do centro de Barcelona processaram a Meta. Naquele espaço em Espanha, mais 20% desses profissionais estão de baixa devido a traumas psicológicos.

“Estamos a falar de pessoas que eram saudáveis e de repente aparecem estas perturbações mentais. Alguns destes trabalhadores tentaram o suicídio“, argumenta o advogado.

Além do próprio trabalho que têm de cumprir e da falta de teste ao serem contratados (para verificação de problemas mentais anteriores), os funcionários queixam-se de que não têm acesso a apoio psicológico por parte da empresa. Mesmo quando desmaiam ao ver um vídeo.

Ou melhor, têm um psicólogo, que lhes diz: “Deixa de desmaiar. O que estás a fazer é extremamente importante para a sociedade. Imagina que é um filme e volta ao trabalho“, cita o advogado Francesc Feliu.

ZAP //

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