Há uma nova esperança para pacientes com cancro pancreático. Um estudo clínico pioneiro baseado em telemedicina promete oferecer uma terapia direcionada no conforto do seu lar.
É uma nova terapia de precisão que utiliza “drogas inteligentes” direcionadas para mutações genéticas responsáveis pelo crescimento de células cancerígenas. O alvo do estudo são os recetores do fator de crescimento de fibroblastos (FGFR) encontrados em cerca de 1% dos pacientes com cancro pancreático.
Através desta abordagem de telemedicina, os pacientes poderão ter acesso a medicamentos orais direcionados, sem ter de se deslocar recorrentemente a um hospital.
“Ao utilizar esta abordagem de telemedicina, e ao levar a medicação diretamente ao paciente, estamos a expandir o acesso dos pacientes que necessitam desta terapia e que tem dificuldades em se deslocar a um hospital.
Além disso, seremos capazes de recrutar um maior número de pacientes, o que possibilitará descobertas significativas”, diz Sameek Roychowdhury, médico oncologista do Centro de Cancro da Universidade de Ohio, numa nota de imprensa da universidade.
O cancro do pâncreas é uma doença rara e agressiva, que afeta aproximadamente 64 000 indivíduos em cada ano. O diagnóstico é geralmente feito em estágios avançados da doença, o que dificulta o tratamento. Quando descoberto numa fase inicial, a intervenção cirúrgica pode ser uma solução viável.
No entanto, como a deteção precoce é difícil, as opções de tratamento são bastante limitadas. Este estudo visa ampliar o acesso a ensaios clínicos de terapia com fármacos direcionados, preenchendo assim uma lacuna crucial no tratamento do cancro pancreático.
“Num cancro, pode haver centenas de mutações genéticas. Descobrir quais destas mutações é que estão a promover o desenvolvimento do cancro é a base desta investigação de “droga inteligente”, ou medicina de precisão para o cancro”, explica Roychowdhury.
“Uma das principais barreiras para os ensaios clínicos de oncologia de precisão está na raridade de algumas mutações genéticas, o que limita o interesse e a viabilidade das grandes farmacêuticas” acrescenta o autor do estudo.
A Gateway for Cancer Research defende uma investigação descentralizada, que visa aumentar a consciencialização sobre os testes e tratamentos baseados em telemedicina, de modo a garantir aos pacientes o acesso a várias opções de tratamento, independentemente da sua localização geográfica.
O autor principal do estudo conta já com uma década de experiência em drogas inteligentes FGFR. Além deste estudo, a equipa liderada por Roychowdhury estabeleceu ainda um registo de pacientes que pretende apoiar a investigação relacionadas com formas raras de cancro pancreático.
Este estudo pioneiro pretende começar a recrutar pacientes já no final de 2023.