Os traficantes e os consumidores desapareceram e os números dizem que o “supermercado da droga no Norte do país” já não é o mesmo. Mas até quando? “É uma questão de semanas até aquilo voltar”.
A Câmara do Porto procedeu esta sexta-feira à colocação de gradeamento no bairro da Pasteleira Nova. O objetivo? Travar o tráfico de droga e impedir a fuga dos traficantes durante ações policiais como rusgas, cada vez mais frequentes naquele bairro que é conhecido como o “supermercado da droga no Norte do país”.
Cinco vielas — que constituem os caminhos entre os edifícios habitacionais do centro do bairro — foram fechadas à circulação pela Domus Social.
O bairro já conta com videovigilância constante, que segundo o Jornal de Notícias se irá manter até ao final do ano, consequência da expansão de 2,4 milhões de euros ao investimento — que já contava com injeção de quatro milhões de euros — da Câmara do Porto em sistemas como resposta aos problemas de criminalidade e de insegurança.
PSP de vigia 24 horas, sete dias por semana
De momento, e desde maio, a PSP está permanentemente de vigia no bairro para atenuar o consumo e o tráfico, que segundo os locais ocorre no mesmo espaço. São quase 11 mil polícias em 900 ações de visibilidade, 64 operações de trânsito e 56 operações de prevenção criminal, segundo o JN.
Segundo o Correio da Manhã, o bairro está quase livre de vendedores e consumidores graças à presença frequente de agentes da autoridade.
No entanto — e apesar de alguns membros dos grupos criminosos que lá atuam terem sido detidos —, sobram aqueles que rumaram aos bairros das redondezas: Ramalde, Francos, Campinas, Cerco e Lagarteiro, que têm, da mesma forma, um enraizado problema com tráfico de estupefacientes.
Traficantes “fogem” para outros bairros
Em finais de julho, a PSP apreendeu mais de 105 mil euros e 184 mil doses de droga em alguns destes bairros — aos quais se junta a zona da Sé do Porto.
Foi no Cerco do Porto que a PSP apreendeu a maior quantidade de dinheiro a criminosos durante este período — mais de 62 mil euros, o dobro do que foi apreendido na Pasteleira quando já inundada de policiamento. Aqui, a estratégia é diferente: em vez de ações de visibilidade — que consistem no surgimento de polícia no local, como forma de aviso —, a PSP está a apostar nas operações de prevenção criminal e de trânsito, que envolve a revista de alvos concretos ligados ao tráfico.
Já Ramalde — a menos de três quilómetros da Pasteleira — é agora a “segunda casa” dos traficantes da Pasteleira Nova — e não só. Debaixo do viaduto vivem também alguns dos toxicodependentes, também eles obrigados a mudar-se para acompanhar os traficantes.
“De um dia para o outro, todos os toxicodependentes que viviam permanentemente aqui desapareceram completamente”, diz em reportagem do JN João Brito, da Associação de Moradores do bairro da Pasteleira, mas “é uma questão de semanas até aquilo voltar”, confessa, preocupado com o dia em que a polícia acabe com o policiamento constante (que há-de chegar).
Em Campanhã, bastaram 48 horas para se notar a chegada dos envolvidos no tráfico da Pasteleira, após o início do policiamento a 24 horas.
Juntando os seis bairros, a Pasteleira ainda se evidencia no que toca a todos os aspetos do tráfico: registou, de longe, mais detenções no total (303), mais detenções por tráfico de droga (225), mais doses de droga apreendida (104 438) e mais dinheiro apreendido (32 211 euros) no primeiro semestre do ano.
Hierarquia fatura 100 mil euros por dia
100 mil euros por dia é o que faturavam e 18 mil doses o que movimentavam, à data de fevereiro deste ano, as seis bancas instaladas no “narcobairro”. Segundo o JN, os lucros avultados deram até origem a pactos de não agressão entre grupos que lutam pelo território. A colaboração de alguns moradores é comprada e os colaboradores da vasta hierarquia de tráfico, muito bem recompensados.
Antes dos já conhecidos “vendedores” — que, situados na terceira linha de importância, recebem entre 200 e 400 euros por dia — estão os “vigias” e “capeadores”, normalmente toxicodependentes e responsáveis por alertar para a chegada da polícia e angariar clientela, respetivamente. A sua recompensa chega sob a forma de droga e comida.
A seguir ao traficante na hierarquia vem o “homem do saco“, que abastece de droga os vendedores. Chega a receber 500 euros por dia. O “transportador” é quem lhe entrega a droga a partir do exterior do bairro e os “capos” lideram na sombra, a dar ordens e a estabelecer preços. Esse cargo costumava pertencer a Fábio Ribeiro, conhecido como “Barão da Pasteleira Nova”, detido em abril.
Mais uma medida infundada que reforça ainda mais a falta de perfil, credibilidade, e competência para Governar a Cidade do Porto, por parte do Executivo liberal/maçónico do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto».
Entre 2002 e 2013 o Presidente Rui Rio preveniu e controlou o tráfico/consumo de droga na Cidade do Porto, por tanto, não se compreende porquê que o bom trabalho desenvolvido pela sua Governação Autárquica não foi continuado pelo «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto», muito pelo contrário, as más políticas praticadas por este Executivo agravaram a situação para níveis iguais ou piores aos do período compreendido entre 1989 e 2001, o que leva a questionar qual é o compromisso do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto» com o tráfico/consumo de droga.