Alegado traficante suspeito de subornar Ivo Rosa diz que, afinal, o dinheiro era para um bruxo

4

Manuel de Almeida / Lusa

O juiz Ivo Rosa

O arguido garante que nunca lhe passou pela cabeça tentar subornar Ivo Rosa e que só falou no juiz porque o seu nome era preciso para uma reza que pediu a um ajudante espiritual da Guiné.

A notícia foi avançada inicialmente pela Sábado, que revelou que, há um ano, o Ministério Público teve acesso a escutas em que um arguido de um caso de tráfico de droga diz que ia “fazer um trabalhinho” e insinua que ia subornar o juiz Ivo Rosa.

O caso remonta a Outubro de 2020, tendo Ivo Rosa colocado o arguido em prisão preventiva à espera das condições em casa para ficar com vigilância electrónica. Na altura das escutas, o suspeito estava na cadeia de Lisboa, mas a PJ continuava a fazer escutas à sua namorada cá fora.

Agora, Luís Filipe Agostinho, o suspeito de tráfico ouvido nas escutas, revelou em entrevista à SIC que as mensagens em causa estão a ser mal interpretadas e que nunca tentou pagar a Ivo Rosa.

É uma absoluta mentira, jamais tentaria corromper um juiz. Pedi à minha namorada que passasse o nome à minha mãe, para ela dar ao meu irmão”, explica.

O nome do juiz seria preciso para os rituais de um ajudante espiritual da Guiné, acrescenta ainda o arguido, que “sentiu necessidade” de recorrer à religião para “os santos e os espíritos” o ajudarem. Os 1000 euros em causa seriam também dados ao tal ajudante espiritual.

“Nunca tentei, nunca pedi ajuda para corromper nenhum juiz. Precisei do nome dele devido à minha crença, para uma reza que fizeram por mim. Neste caso usou-se o nome “trabalhinho” porque é o que usamos entre nós. Nunca me passou uma ideia dessas na cabeça”, assegura Filipe Agostinho.

O advogado do jovem fala numa “caça às bruxas” e garante que o cliente já se mostrou disponível para prestar todos os esclarecimentos ao Ministério Público.

A investigação está ainda numa fase inicial por não haver mais nenhuma prova além da escuta telefónica, que sozinha é insuficiente, já que o arguido poderia saber que estava sob escuta e estar propositadamente a tentar lançar suspeitas sobre Ivo Rosa.

ZAP //

4 Comments

  1. Cada um acredita no que quer. Mas … acham que o corruptor iria admitir isso, e em público?
    Agora, face ao que se tem assistido, relativamente às alegações que tem vindo a proferir e decisões que ele tem tomado … é o que parece. Acho que, pelo menos da fama já não se livra. A polícia que peça ao Rui Pinto para investigar.

  2. Engraçada a justificação: o arguido confiava mais no “trabalhinho” de um ajudante espiritual da Guiné do que na “ajudinha” de um Juíz? E para essa “reza” não chegava o nome do arguido??? Humm, que história mal contada!!!!!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.