“Tribunais pagam mal e tarde”. Há tradutores à espera há mais de 10 anos

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Há tradutores à espera há mais de 10 anos para receber pelos trabalhos feitos para tribunais. “Pagam mal e tarde”, acusa a presidente da Associação de Profissionais de Tradução e de Interpretação.

O Ministério Público arrisca ver João Rendeiro sair em liberdade caso não consiga apresentar o pedido formal de extradição dentro do limite de 40 dias.

O atraso neste processo prende-se com dificuldades na tradução das várias decisões judiciais dos três processos em que este foi condenado. Apenas existem dois tradutores em toda a procuradoria e a média de produtividade são dez páginas por dia, por tradutor.

No entanto, a falta de tradutores não afeta apenas a Procuradoria-Geral da República (PGR). Esta carência afeta também os tribunais, como realça Paula Pinto Ribeiro, presidente da Associação de Profissionais de Tradução e de Interpretação (APTRAD): “Os tribunais pagam mal e tarde”.

“Há tradutores à espera de receber há mais de dez anos”, atirou, em declarações ao Público, explicando que muito tradutores optam por recusar fazer trabalhos para os tribunais.

Há vários anos que os tribunais pagam 0,027 cêntimos por palavra — um terço abaixo do valor normal de mercado.

Uma tradutora ouvida pelo Público contou que, a certa altura, farta de esperar pelo pagamento, informou que ia passar a cobrar 0,08 cêntimos. O tribunal não respondeu e até enviou mais documentos para traduzir. Mais tarde, um juiz enviou-lhe uma carta a dizer que “ou corrigia as faturas para 0,027 cêntimos ou simplesmente não recebia.

“Fiz a alteração, mas mesmo assim não me pagaram”, conta Ivana Santos.

A presidente da APTRAD diz que já houve situações em que os tribunais não conseguiram um tradutor de chinês e “foram buscar a lojista chinesa da loja da esquina”.

Há três anos, o Ministério da Justiça pensou em criar um curso para certificar tradutores-intérpretes, mas “esse projeto ficou na gaveta”.

Para Paula Pinto Ribeiro, se essa bolsa existisse, talvez a PGR não andasse agora numa procura desesperada de tradutores.

ZAP //

1 Comment

  1. Mas são obrigados a continuar a pagar Segurança Social e a pagar IRS – sobre as facturas emitidas (!!!) – não sobre os valores efectivamente NÃO recebidos!!!

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