A maioria dos trabalhadores portugueses está insatisfeita com o salário que recebe e está ativamente a procurar um novo emprego.
Mais de metade dos trabalhadores em Portugal estão insatisfeitos com os seus salários, de acordo com o estudo “Talent Trends 2024, The Expectation Gap”, da consultora de recrutamento Michael Page.
O estudo, cujos resultados para Portugal foram divulgados recentemente, revela que 56% dos trabalhadores expressam insatisfação salarial, com apenas 10% a conseguir um aumento nos últimos 12 meses, apesar de 30% terem tentado negociar.
A insatisfação com os salários tem levado muitos trabalhadores a procurar novas oportunidades de emprego. Segundo o estudo, 82% dos trabalhadores insatisfeitos estão ativamente em busca de um novo emprego. A prioridade para a maioria (58%) ao procurar ou aceitar um novo emprego é o salário.
Do lado das empresas, 61% reconhecem que um salário competitivo é essencial para reter talento, enquanto 58% acreditam que oferecer um salário superior ao atual é crucial para recrutar novos colaboradores. No entanto, há uma discrepância significativa entre as expetativas dos trabalhadores e as estratégias salariais das empresas, refere o DN.
Além do salário, outros fatores como saúde e bem-estar são igualmente importantes para os trabalhadores portugueses. O estudo indica que 60% dos trabalhadores rejeitariam uma promoção que comprometesse o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Este aspeto é particularmente valorizado por mulheres, pessoas com mais de 50 anos e profissionais satisfeitos com o nível salarial atual.
Em relação ao modelo de trabalho, o estudo revela que a flexibilidade dos horários não é uma prioridade para os trabalhadores portugueses. Apenas 43% dos profissionais em Portugal trabalham num regime híbrido, abaixo da média europeia de 52%. Entre os que têm a possibilidade de trabalhar de forma híbrida, menos de um terço passa mais tempo no escritório do que há um ano, sendo essa mudança atribuída principalmente a políticas empresariais e ao aumento de reuniões presenciais.
Os trabalhadores mais jovens, particularmente na faixa etária dos 20 anos, demonstram uma preferência pelo trabalho no escritório, acreditando que isso proporciona melhores oportunidades de progressão na carreira e de aprendizagem com os colegas. Em Portugal, 13% dos profissionais que passam mais tempo no escritório do que há 12 meses em regime híbrido fazem-no por considerarem mais benéfico para o desenvolvimento das suas carreiras.
O estudo “Talent Trends 2024, The Expectation Gap” baseia-se em inquéritos realizados a 49.407 entidades e trabalhadores de 37 países entre novembro e dezembro de 2023. Em Portugal, a amostra incluiu 342 empresas e 876 trabalhadores.