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Trabalhadores da Google criam primeiro sindicato

Um grupo de engenheiros e outros trabalhadores da Google anunciaram que formaram um sindicato, criando uma base de apoio rara para o movimento laboral na indústria tecnológica.

Cerca de 225 empregados da Google e da empresa-mãe, a Alphabet, são os primeiros membros pagantes do Sindicato dos Trabalhadores da Alphabet, que representa uma fração da mão-de-obra da gigante tecnológica, muito aquém do limiar necessário para obter o reconhecimento formal como um grupo de negociação coletiva nos Estados Unidos.

O novo sindicato, que será afiliado do maior sindicato de Trabalhadores de Comunicação da América, diz que servirá como uma “estrutura que assegura que os trabalhadores da Google possam promover ativamente mudanças reais na empresa”.

Os seus membros afirmam ter como objetivo querem ter mais voz não só sobre salários, benefícios e proteções contra a discriminação e o assédio, mas também sobre questões éticas mais amplas, a propósito da forma como a Google continua com os seus negócios.

A campanha de sindicalização é o mais recente sinal dos empregados de que não acreditam que a empresa esteja a viver de acordo com os ideais professados, expressos no seu slogan original: “Não sejas mau”.

A Google informou hoje que tentou criar um local de trabalho de apoio e gratificante, mas sugeriu que não negociará diretamente com o sindicato.

“Claro que os nossos empregados têm direitos laborais protegidos, que nós apoiamos”, disse numa declaração a diretora de recursos humanos da empresa, Kara Silverstein.

As campanhas de sindicalização não têm sido capazes de conseguir muita adesão entre os trabalhadores da tecnologia de elite, que recebem salários elevados e outras regalias, mas o ativismo no local de trabalho, na Google e em outras grandes empresas de tecnologia, tem aumentado.

Muitos empregados começaram a observar o poder do seu ativismo no local de trabalho em 2018 quando um protesto interno levou a Google a abandonar o seu trabalho, fornecendo ao Pentágono serviços de inteligência artificial para zonas de conflito. Mais tarde, em 2018, milhares de funcionários da Google protestaram contra a forma como a empresa lidou com as alegações de má conduta sexual contra os executivos.

“Queremos ter um contraforte para proteger os trabalhadores que se manifestam“, frisou o engenheiro de software da Google Chewy Shaw, eleito para o novo conselho executivo do sindicato.

Quando uma agência federal do trabalho apresentou uma queixa, acusando a empresa de espiar os empregados e de ter despedido alguns deles, em 2019, na sequência de movimentações para organizar um sindicato, a Google negou as alegações do caso, com audiência agendada para abril.

O Conselho Nacional de Relações Laborais habitualmente reconhece as petições para formar novos sindicatos quando é manifestado o interesse de pelo menos 30% dos trabalhadores de um determinado local ou setor profissional. A Alphabet emprega cerca de 130 mil pessoas.

A diretora de comunicação do sindicato dos Trabalhadores de Comunicação da América, Betth Allen, adianta que o Sindicato dos Trabalhadores da Alphabet não está, para já, a planear o reconhecimento oficial como um grupo de negociação coletiva.

Em vez disso, explica, funcionará de forma semelhante aos sindicatos do setor público em estados que não permitem que os funcionários públicos negoceiem coletivamente.

// Lusa

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