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Trabalhadores da construção recrutados em Portugal explorados no Luxemburgo

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Amanda Bicknell / Wikimedia

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O sindicato luxemburguês LCGB denunciou situações de exploração de portugueses recrutados por empresas de construção em Portugal para trabalhar no Luxemburgo, em alguns casos a trabalhar sete dias por semana e com salários muito abaixo do mínimo luxemburguês.

“Há situações catastróficas. As pessoas vêm com contratos negociados em Portugal que não respeitam a legislação luxemburguesa, e quando pedimos informação dizem que descontam o alojamento, o material, tudo”, alertou o secretário sindical Paul de Araújo, do LCGB, durante uma conferência de informação para imigrantes recém-chegados organizada pelo Centro de Apoio Social e Associativo (CASA).

Em alguns casos, os trabalhadores “são abandonados no Luxemburgo, porque os salários não são pagos, e as pessoas ficam sem dinheiro nem meios financeiros para ficar ou voltar“, frisou o sindicalista.

Em causa estão “pequenas empresas de construção portuguesas” que aliciam os trabalhadores com salários “ligeiramente acima do mínimo em Portugal”, em alguns casos de 600 euros, disse à Lusa Liliana Bento, responsável pelo sector da construção no LCGB.

“Eles chegam aqui, nunca estiveram no Luxemburgo, ficam alojados em quartos por cima de cafés, e depois há um chefe que os vai buscar de manhã e os leva de volta ao final do dia. Os salários são pagos numa conta em Portugal e alguns não têm sequer dinheiro de bolso”, explicou a secretária sindical.

“Quando eles começam a perceber que aqui os salários são mais altos e começam a reclamar, arranjam logo maneira de os mandar embora e de trazer outros novos, e o ciclo recomeça”, acrescentou.

A situação viola a directiva europeia sobre o destacamento de trabalhadores, recordou a secretária sindical.

“Desde que estejam a trabalhar em território luxemburguês, os trabalhadores têm direito ao salário mínimo no Luxemburgo, ou mesmo a um valor mais alto, de acordo com a sua experiência e formação, segundo o previsto nas convenções colectivas”, explicou.

No último ano, o sindicato registou “três ou quatro casos” de exploração de trabalhadores recrutados em Portugal, que denunciou à Inspecção do Trabalho do Luxemburgo, mas receia que muitos não cheguem às autoridades.

Sem falar a língua nem conhecer o país, são poucos os que apresentam queixa, lamentou o sindicato.

Estes não são os primeiros casos de exploração de portugueses no sector da construção denunciados pelos sindicatos luxemburgueses.

Em março de 2013, a empresa portuguesa Açomonta foi acusada pelo sindicato OGB-L de praticar “escravatura moderna“, através de subempreiteiros que enviavam portugueses e imigrantes em Portugal para trabalhar no Luxemburgo por conta da empresa, tal como a Lusa noticiou na altura.

De acordo com o sindicato, os trabalhadores recebiam entre 300 a 700 euros por mês e chegavam a trabalhar 12 horas por dia, sete dias por semana.

/Lusa

3 Comments

  1. Pessoas em estado de desespero, que tem que aceitar qualquer coisa, e patrões dispostos a subjugar pessoas pela escravatura
    Isto é o sonho e objectivo deste governo a concretizar-se.

  2. Portugueses a explorar portugueses. Tal como este governo! Um vigarista e aldrabão como 1º ministro! Está nos nossos genes!

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