A empresa ligada à gigante japonesa falsificou resultados ao longo de (muitos) anos. Uma investigação divulga um cenário ainda pior para os responsáveis.
A Toyota está com problemas. Não novos, mas maiores do que se pensava.
Em causa está a Daihatsu, empresa inserida na estrutura da gigante japonesa.
A Daihatsu, especializada em carros mais pequenos como minis, não está a anunciar novos modelos e, mais do que isso, deixou de vender carros.
Porquê? É ainda consequência de um escândalo de falsificação de testes que abala a marca há meses.
E uma investigação revelada nesta semana só piora o cenário para os responsáveis japoneses, avisa o jornal Handelsblatt.
Após oito meses de investigação, o relatório avisa que houve falhas graves: os resultados dos testes de segurança e do consumo foram deliberadamente manipulados – ao longo de anos.
A investigação mostra que foram manipulados resultados de 64 modelos e três motores – entre 1989 (quando a Toyota ainda não tinha comprado a Daihatsu) e, no mínimo, 2014. É um intervalo de pelo menos 25 anos entre o primeiro teste falsificado e o último.
Os funcionários tinham pouco tempo e metas a cumprir. Havia “planos de desenvolvimento muito estreitos e rígidos”.
Os protótipos para testes de colisão foram literalmente reconstruídos em comparação com os modelos de produção.
Exemplos: os inspectores cortaram a parte traseira do painel da porta da frente para que não houvesse arestas vivas em caso de impacto. Noutros locais, após um teste de colisão em que a velocidade era demasiado elevada, foi simplesmente introduzida uma velocidade padrão – em vez de repetir o teste.
Não há carros
A Daihatsu e a Toyota anunciaram rapidamente a suspensão (não se sabe durante quanto tempo) de todas as entregas.
E não é só uma questão de imagem, de confiança na equipa. Há números para analisar: a Daihatsu produz 1.7 milhões de carros por ano, entre modelos para Toyota, Mazda e Subaru.
É marca mais acessível da estrutura e um nome importante nas compras de carros no Sudeste Asiático e na Índia, por exemplo.
Os danos económicos ao maior fabricante automóvel do mundo, a Toyota, poderão ser maiores do que os investidores previam.
A direcção da empresa não é acusada de encobrimento propositado. O que faltou foi um eficaz sistema de controlo dos trabalhos e faltou “compreensão das regras e das leis” por parte dos seus funcionários.
Mas o chefe da Daihatsu, Soichiro Okudaira, não se escondeu: disse que que a administração era responsável por este escândalo.
Os especialistas da indústria estão surpreendidos; pensavam que este tipo de má conduta nunca aconteceria no Grupo Toyota.
E num país, o Japão, onde os padrões de qualidade são dos mais elevados do planeta. Sobretudo no ramo automóvel.
Já nesta quinta-feira o Governo agiu. Funcionários do Ministério dos Transportes do Japão inspeccionaram a sede da Daihatsu, na sequência desta investigação.
Quem diria que os japoneses, sempre tão sérios e certinhos, também cometiam falcatruas!
“…entre 1989 (quando a Toyota ainda não tinha comprado a Daihatsu) e, no mínimo, 2014. É um intervalo de pelo menos 35 anos”
De 1989 a 2014? 35 anos?
Boa tarde, André.
Sim, 25 anos.
Está corrigido. Obrigado pelo reparo.
E a Mercedes, que assumiu a manipulação, e foi condenada?
Para quando a divulgação das atrocidades cometidas para ocultar o problema? De que têm medo os jornalistas?