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Há um tipo de arte que pode literalmente mudar a nossa mentalidade

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Composição VII (1913) de Vassily Kandinsky.

Observar arte abstrata pode mudar a nossa mentalidade, já que tende a evocar “distância psicológica”, revela um novo estudo de cientistas norte-americanos.

Nem todos conseguem apreciar a beleza da arte abstrata. A incapacidade de alguns de interpretar as linhas, formas e cores usadas na tela leva ao desinteresse pelo quadro.

No entanto, a arte abstrata traz alguns benefícios para os seus verdadeiros apreciadores, nomeadamente a capacidade de literalmente mudar a nossa mentalidade, revela um novo estudo publicado esta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Cientistas da Universidade da Columbia, nos Estados Unidos, levaram a cabo três experiências e perceberam que a arte abstrata tende a evocar “distância psicológica”. A distância psicológica é uma maneira de representar a que distância os eventos ou objetos estão de nós mesmos, explica a Inverse.

Por exemplo, uma consulta no médico amanhã é algo psicologicamente próximo, enquanto uma consulta daqui a seis meses é psicologicamente distante.

A arte abstrata tem a capacidade de mudar o nosso estado cognitivo, afastando-nos dos detalhes concretos e aproximando-nos de ideias abstratas. “Isto significa que a arte tem um efeito no nosso estado cognitivo geral, que vai além do quanto gostamos, para mudar a maneira como olhamos para os eventos e tomamos decisões”, explicou a coautora Daphna Shohamy.

Ao contrário do que acontece quando olhamos para um quadro realista, quando apreciamos um quadro abstrato, tendemos a mover os nossos olhos mais “globalmente” ao redor da pintura. Os autores consideram que esta é uma “estratégia exploratória”.

Embora estudos anteriores nos mostrem que podemos processar a arte abstrata de maneira diferente, este novo artigo científico mostra que a arte abstrata pode colocar-nos num estado de espírito totalmente novo.

Os investigadores contaram com a ajuda de um grupo de 840 voluntários, que observou um de 21 diferentes quadros pintados por quatro artistas abstratos: Chuck Close, Clyfford Still, Mark Rothko e Piet Mondrian. Por sua vez, estes quadros dividiam-se em três categorias: quadros com um objeto claramente definido; quadros com um objeto mais abstrato, mas ainda definível; e quadros que eram puramente abstratos.

Foi pedido aos voluntários para encarnarem o papel de um crítico de arte. Eles podiam decidir se colocam a obra de arte numa exposição “amanhã” ou “daqui a um ano”. Além disso, escolhiam entre colocá-lo numa galeria “aqui perto” ou “noutro Estado”. Estas medidas de tempo e espaço pretendiam evocar a distância psicológica que as pessoas colocavam entre si e a arte abstrata, explica a Inverse.

Os investigadores observaram que quanto mais abstrata fosse a obra de arte, mais no futuro ela seria exposta e, maioritariamente, num outro Estado. Tendo ainda em conta o gosto pessoal pela pintura, verificou-se, uma relação entre distância e abstratividade.

ZAP //

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