Centenas de tibetanos deslocaram-se no domingo à cidade de Dharmsala, no norte da Índia, onde o governo exilado está sediado, e votaram no seu novo líder político, à medida que o mandato de cinco anos do atual governante se aproxima do fim.
Como relatou no domingo o Washington Post, os eleitores usaram máscaras e desifetante e mantiveram o distanciamento social durante o primeiro turno de votações. Nesta primeira fase de votação, dois candidatos a Presidente serão selecionados, incluindo 90 parlamentares. A segunda e última volta de votação ocorrerá em abril.
“Com isso, estamos a enviar uma mensagem clara a Pequim de que”, embora “o Tibete esteja sob ocupação, os tibetanos no exílio são livres. E se tivermos uma hipótese, uma oportunidade, preferimos a democracia”, disse Lobsang Sangay, que em breve terminará o seu segundo e último mandato como líder político tibetano.
“O orgulho dos tibetanos, o sentimento dos tibetanos, é ser democrático e praticar a democracia”, acrescentou. Formado em 1959, o governo do Tibete no exílio – designado de Administração Central do Tibete – tem poder executivo, judicial e legislativo, com candidatos ao cargo de Sikyong, ou Presidente, eleitos desde 2011 por voto popular.
A China afirma que o Tibete faz parte do seu território desde o século 13, com o Partido Comunista Chinês a governar a região dos Himalaias desde 1951. Muitos tibetanos, contudo, defendem que foram independentes durante a maior parte da sua história, e que o governo chinês deseja explorar a região e destruir a sua identidade cultural.
Dalai Lama, o líder espiritual dos tibetanos, e os seus seguidores vivem em Dharmsala desde que fugiram do Tibete, após uma revolta fracassada contra o domínio chinês, em 1959. À medida que este envelhece, a perceção dos jovens tibetanos de que têm que participar na política tem aumentado.
“Como alguém que estudou tecnologia, acredito que posso tentar tornar as comunicações parlamentares mais seguras e preencher as lacunas no banco de dados de informações”, disse Lobsang Sither, de 38 anos, que disputa as atuais eleições. “A menos que tenhamos informações confiáveis sobre a situação dentro do Tibete, não podemos formular políticas para ajudar os tibetanos” que lá residem, indicou.
A China não reconhece o governo tibetano no exílio e não mantém diálogo com os representantes de Dalai Lama desde 2010. A Índia considera o Tibete como parte da China, embora tenha acolhido os exilados tibetanos.