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“O Tiago não matou Odair, nem é polícia”. Campanha pelo motorista ferido já angariou 13 mil euros

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Miguel A. Lopes / Lusa

Autocarro e carros queimados nos protestos pela morte de Odair Moniz que foi baleado por um polícia.

Criou-se uma onda de solidariedade em torno do motorista da Carris que foi atacado com um “cocktail motolof” em Lisboa, no âmbito dos distúrbios após a morte de Odair Moniz.

Tiago, de 41 anos, é, para já, a única vítima grave dos desacatos que se têm registado em vários bairros de Lisboa, depois da morte de Odair Moniz, um morador do bairro do Zambujal que foi baleado por um polícia na Cova da Moura.

O motorista da empresa Carris foi atingido com um “cocktail motolof” dentro do autocarro que conduzia habitualmente em Santo António dos Cavaleiros (Loures).

O veículo acabou também por ser incendiado e o homem de 41 anos ficou com ferimentos graves.

Tiago continua internado e está em situação “estável”, mas num “estado muito grave” e “a lutar pela vida no hospital”, revela um amigo e colega do motorista, Pedro Vieira Gomes, numa publicação no Facebook.

“Tem os braços, cabeça, cara e tórax, e as vias respiratórias, muito queimados“, refere ainda Pedro Vieira Gomes que também é motorista na Carris.

Campanha já angariou 13 mil euros para o motorista

A situação do motorista ferido gerou uma onda de solidariedade com uma campanha de crowdfunding, para angariação de fundos para ajudar o Tiago, lançada pela comentadora de política internacional da CNN Portugal Helena Ferro Gouveia.

Já foram arrecadados mais de 13 mil euros, o que surpreende a própria Helena Ferro Gouveia que destaca a forte adesão à sua iniciativa, salientando que “em meia hora ultrapassou-se” a fasquia de 500 euros que tinha colocado como meta.

“A generosidade de pessoas de todos os quadrantes é genuína e comovente“, sublinha a comentadora na rede social X, apontando que “além do que se conseguir arrecadar, a mensagem de carinho contida neste gesto é esmagadora” e “será reconhecida”.

“Porque tentaram matar o Tiago?”

O amigo de Tiago conta ainda no Facebook que o motorista da Carris estava a fazer “a última carreira para ir para casa” quando foi atacado, por volta da 1:20 horas da manhã, por “um grupo de 9 pessoas”.

“Tudo indica ter sido um ataque planeado ao detalhe, visto que aquela é a última carreira feita para a Cidade Nova”, refere ainda este motorista.

“Aproveitaram que o Tiago estava com a janela do motorista aberta e lançaram-lhe um cocktail molotof que aterrou directamente no seu colo, pegando fogo imediatamente ao [seu] corpo”, escreve também Pedro Vieira Gomes.

“O Tiago saiu do autocarro em chamas, aos gritos, desesperado” e os que o atacaram, “de cara tapada”, “fugiram”, deixando-o entregue “à sua sorte, agoniando de dor”, lamenta ainda.

O motorista ferido acabou por ser “socorrido por moradores dos prédios ao lado do autocarro que, naquele momento, já estava tomado pelas chamadas”, acrescenta.

Pedro Vieira Gomes lamenta que “o Tiago não conhecia o Odair, não matou o Odair” e “nem sequer é polícia”. “Naquela noite, era apenas um motorista de autocarros que estava a minutos de terminar o seu dia e de ir para casa, para os braços da sua família”, constata.

“Porque tentaram matar o Tiago?”, questiona, por fim, sublinhando que “não foi um acidente” e que o motorista “apenas estava a fazer o seu trabalho”.

Susana Valente, ZAP //

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2 Comments

  1. Até pode ser uma coincidência mas, exige-se a um ministro um comportamento diferente do vendedor de banha da cobra das feiras de Portugal. Não lhe fez bem os anos que passou em Bruxelas. É isto que temos mas não é isto que merecemos..

  2. O comentário do Fausto Matias o que é que tem a ver com a notícia do motorista Tiago, que foi alvo de tentativa de assassínio por criminosos à solta neste país?

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