Testes ao coronavírus assinados por uma pessoa morta

Robin Van Lonkhuijsen / EPA

Um clube do Brasil terá adulterado dois exames à covid-19. Polícia investiga e responsabilidade será de uma empresa externa, contratada em setembro.

O Mesquita Futebol Clube é um emblema modesto do Brasil mas está a aparecer nas notícias por causa de testes ao coronavírus. A polícia está a apurar se houve adulteração de dois exames realizados em janeiro.

De acordo com a Globo, estão a ser investigados testes realizados a um jogador e a um elemento da estrutura do clube. Os dois exames tiveram lugar no dia 7 de janeiro mas há suspeitas de fraude.

Desde logo, porque a assinatura nos dois testes é de uma mulher que realmente foi coordenadora de um laboratório de análises, mas que morreu no dia 26 de dezembro do ano passado.

Além disso, o número do pedido, único para cada teste realizado, é o mesmo nestes dois casos. O sistema nunca cria o mesmo número para dois testes, esclarece o diretor-técnico do laboratório. Ainda por cima, o número do pedido que aparece nos testes já tinha sido criado no dia 17 de dezembro, três semanas antes da realização destes dois exames.

O mesmo responsável reparou noutros pormenores estranhos: “O ‘coronavírus’ no exame falso, por exemplo, estava escrito separado, e nós escrevemos junto. ‘Liberação’ estava com letra minúscula, e nós usamos letra maiúscula…”.

A denúncia foi feita pelo presidente do próprio clube. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro confirmou a suspeita de fraude e aí o assunto passou a ser tratado pela Polícia Civil local e pela Delegacia de Defraudações, enquanto já foi aberto um inquérito por parte do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro.

Em setembro do ano passado, o Mesquita Futebol Clube contratou uma empresa para esta gerir todos os assuntos relacionados com o futebol. Por isso, a gestão de todos os processos envolvendo jogadores, incluindo testes ao coronavírus, não passava pela direção do emblema carioca.

Perder por não ter equipamentos

O Mesquita tem atravessado dificuldades financeiras e desportivas. Na Série B2 do Campeonato Carioca, que terminou há menos de um mês, o clube não venceu qualquer jogo, em 15 tentativas. Entre as 13 derrotas, perdeu uma partida por 9-2, outra por 8-0 e outra por 9-0. Ficou no último lugar e desceu de divisão.

Mas o destaque da sua participação na terceira divisão carioca foi outro: no dia 28 de dezembro, os jogadores do Mesquita Futebol Clube estiveram no estádio mas nem entraram em campo porque não havia equipamentos. Aparentemente, alguém se esqueceu de levar a roupa oficial do clube e a equipa perdeu por 3-0 contra o Bela Vista, oficialmente devido a falta de comparência.

Nuno Teixeira, ZAP //

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