Uma equipa de cientistas que tem vasculhado as águas escuras e profundas da Costa Rica descobriu um tesouro de novas espécies estranhas de todas as formas e tamanhos. A expedição encontrou também muito lixo nas profundezas proveniente da atividade humana.
A bordo do navio de investigação Falkor, a equipa do Instituto Oceânico Schmidt, organização privada sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, investigou vários montes e pequenas montanhas submarinas criadas pela atividade vulcânica perto do Parque Nacional Isla del Coco, na costa da Costa Rica.
Depois de 19 mergulhos submarinos operados remotamente, alguns dos quais a milhares de metros de profundidade, os cientistas traçaram uma ideia sem precedentes sobre este ecossistema muito pouco explorado.
A equipa conseguiu documentar uma série de micróbios, ostras, estrelas-do-mar “quebradiças”, corais, peixes, polvos, tubarões, raias. Destes, foi possível identificar quatro nova espécies de corais e seis outras espécies de animais até então desconhecidos – todo um mundo novo submarino.
“Cada mergulho continua a surpreender-nos”, confessou Erik Cordes, ecologista de águas profundas da Temple University, na cidade norte-americana da Filadélfia, em comunicado enviado ao portal IFLScience.
“Descobrimos espécies de corais duros que constroem recifes a uma profundidade de mais de 800 metros em dois montes submarinos diferentes. Os registos mais próximos desta espécie são das águas profundas ao redor das Ilhas Galápagos”.
“O mar profundo é o maior habitat da Terra”, frisou. “Perceber como é que este habitat funciona vai ajudar-nos a entender como é que o planeta como um todo funciona ”.
Contudo, nem tudo foi incrível nas águas profundas. Num dos mergulhos a maior profundidade, cerca de 3600 metros, encontrou muito lixo oriundo da atividade humana. Tendo em conta a crescente atividade pesqueira e energética nos oceanos profundos, os cientistas alerta que a pegada do homem tenderá a ficar maior e mais ousada neste lugar único e quase alienígnea.
Os cientistas consideram importante proteger este ecossistema, instando as autoridades a criar uma nova área marinha protegida. “A nova pesquisa apoiará os esforços da Costa Rica para conservar estes importantes habitats, fornecendo uma linha base das espécies e ecossistemas incríveis encontrados nestas áreas mais profundas e que nem sempre têm a atenção que merecem”, disse a co-fundadora do Instituto Wendy Schmidt.
“Para já, uma das coisas mais importantes que podemos fazer é entender como é que estas comunidades funcionam. Depois, e se houver mudanças no futuro, poderemos medir o impacto humano”, concluiu.