A Terra pode ser ejetada do Sistema Solar ou atirada contra outro planeta, revela novo estudo

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NASA

O risco de uma estrela destruir o Sistema Solar é maior do que esperado. Estrelas que passam perto do Sistema Solar podem tirar planetas do alinhamento, enviando-os a toda a velocidade para o Sol ou para o espaço — muito antes de o Sol aniquilar o nosso planeta.

Estrelas que passam a toda a velocidade perto do nosso Sistema Solar podem afinal causar mais estragos do que os astrónomos pensavam anteriormente, que vão desde desestabilizar a órbita de Plutão até atirar Mercúrio em direção ao Sol – ou mesmo alterar catastroficamente a órbita e o clima da Terra.

As conclusões são de um novo estudo, que se encontra disponível em pré-publicação no arVix e vai ser publicado na edição de outubro da revista Icarus.

O risco geral destes eventos continua baixo, mas a maior influência das estrelas que passam significa que eventos como estes podem ser comuns noutros sistemas planetários.

Embora as órbitas dos planetas fossem outrora consideradas tão previsíveis e imutáveis como um mecanismo de relojoaria, os astrónomos modernos descobriram que, em escalas de tempo longas, são tudo menos isso, explica a New Scientist.

Esta imprevisibilidade interna, ou caos, significa que é difícil saber exatamente o que acontecerá ao Sistema Solar nos próximos milhares de milhões de anos, com algumas simulações a mostrar que se pode despedaçar.

A forma mais provável de que tal aconteça acontecer é no caso específico de a órbita de Mercúrio se alinhar com a de Júpiter, o que pode fazer com que o planeta menor seja projetado a toda a velocidade, colidindo com o Sol ou com Vénus, ou colocando a Terra e Marte numa rota de colisão.

Outra fonte de caos pode vir de estrelas que passam perto do Sol, à distância de algumas vezes o raio do Sistema Solar — mas estes eventos são extremamente improváveis, com apenas 1 % de probabilidade a cada mil milhões de anos.

Nonovo estudo, Sean Raymond, investigador da Universidade de Bordéus, em França, e Nathan Kaib, do Instituto de Ciência Planetária, no Arizona, descobriram que não são apenas eventos raros como estes que podem desequilibrar o Sistema Solar — até mesmo o tráfego estelar quotidiano arrisca fazê-lo.

“Analisámos as passagens típicas e comuns“, diz Raymond. “Estas são as estrelas que realmente passam pelo Sol a toda a hora, cosmicamente falando”.

Raymond e Kaib criaram cinco simulações, cada uma com diferentes intensidades de passagens estelares, e executaram cada uma delas 1000 vezes. Cada execução tinha uma posição inicial ligeiramente diferente para os oito planetas do Sistema Solar, mais Plutão, e milhares de estrelas a voar com base no que sabemos da população estelar local.

A dupla descobriu que as probabilidades gerais de um planeta no Sistema Solar ser desviado do curso eram 50 % mais altas do que apenas do caos interno.

“Uma instabilidade por passagem pode acontecer a qualquer altura, enquanto uma instabilidade causada internamente é muito mais provável em 4 a 5 mil milhões de anos, tornando as passagens a maior ameaça à estabilidade do Sistema Solar para os próximos 4 mil milhões de anos ou mais”, diz Raymond.

A vítima potencial mais surpreendente dos intrusos estelares foi Plutão, que Raymond e Kaib descobriram ter 5 % de probabilidade de se tornar instável.

“Em nenhum estudo anterior se pensou que Plutão tivesse qualquer hipótese de se tornar instável, graças à influência estabilizadora da gravidade de Neptuno“, diz Raymond,

Os autores do estudo descobriram também que as probabilidades de Mercúrio ser lançado numa órbita caótica, o que pode ter efeitos em cadeia noutros planetas, eram entre 50 a 80 % mais altas do que estimativas anteriores, embora o risco absoluto permanecesse pequeno, a 0,6 % ao longo dos próximos milhares de milhões de anos.

O mesmo acontece com Marte, Vénus e Terra, com os seus riscos absolutos a subir para 0,3 %, 0,2 % e 0,05 %.

A órbita da Terra também tem 0,3 % de probabilidade de ser alterada de forma a causar aquecimento climático significativo, diz Sean Raymond. “A diversidade de formas pelas quais o Sistema Solar se pode despedaçar é muito maior do que anteriormente pensado.”

Embora as probabilidades de uma estrela perturbar o equilíbrio do nosso Sistema Solar nos próximos milhares de milhões de anos permaneçam pequenas, subindo para cerca de 1,5 % de cerca de 1 % de probabilidade de uma órbita enlouquecer, o facto de as estrelas exercerem mais influência do que pensávamos pode ter implicações para outros sistemas planetários, diz o astrónomo.

1 em 1000 parece nada, mas conhecemos mais de 1000 exoplanetas, por isso mesmo que não nos acontecesse, quando interpretamos o que está lá fora, isto importa”, diz Raymond.

ZAP //

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