Nova descoberta confirma que o planeta Terra já foi uma bola de neve gigante

NASA

Recuo do gelo conduziu à rápida evolução da vida multicelular. Período de congelamento profundo seguiu-se a uma era muito mais quente em que a vida era constituída principalmente por organismos unicelulares e algas.

Os geólogos descobriram provas sólidas que mostram que o nosso planeta esteve totalmente coberto de gelo espesso entre 635 e 720 milhões de anos atrás, apoiando, assim, a antiga teoria da “Terra bola de neve”.

Este período, conhecido como Período Criogénico, terá desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da vida complexa. A descoberta, exibida em estudo publicado esta quinta-feira no Journal of the Geological Society of London, foi feita por uma equipa internacional de cientistas na Formação de Port Askaig, um grupo de rochas que abrange a Escócia e a Irlanda.

A Formação Port Askaig, particularmente o seu afloramento exposto nos Garvellachs, deu aos investigadores o registo geológico mais completo da glaciação Sturtian, um dos dois eventos significativos de glaciação durante o Período Criogénico.

Este período de congelamento profundo, que durou cerca de 60 milhões de anos, seguiu-se a uma era muito mais quente em que a vida era constituída principalmente por organismos unicelulares e algas.

Segundo o Popular Science, o novo estudo sugere que o recuo deste gelo conduziu à rápida evolução da vida multicelular, possivelmente devido à necessidade de os organismos cooperarem e se adaptarem ao ambiente pós-glaciar rigoroso.

“Estas rochas registam uma época em que a Terra estava coberta de gelo”, afirmou o coautor do estudo e geólogo da University College London, Graham Shields, em comunicado.

“Toda a vida complexa e multicelular, como os animais, surgiu deste congelamento profundo, com as primeiras evidências no registo fóssil a aparecerem pouco depois de o planeta ter descongelado”, acrescentou.

As descobertas da equipa indicam que a transição de um ambiente marinho tropical para uma Terra gelada está registada de forma única na Formação de Port Askaig, ao contrário de rochas com idades semelhantes na América do Norte e em África.

“O recuo do gelo teria sido catastrófico. A vida estava habituada a dezenas de milhões de anos de congelamento profundo”, disse Shields. “Assim que o mundo aquecesse, toda a vida teria de competir numa corrida armamentista para se adaptar. Os que sobreviveram foram os antepassados de todos os animais.”

Os investigadores também analisaram minerais duráveis chamados zircões dentro das formações rochosas. Estes minerais, que contêm o elemento radioativo urânio, permitiram-lhes datar com precisão as rochas entre 662 e 720 milhões de anos atrás.

As provas geoquímicas recolhidas a partir destas amostras poderão levar ao reconhecimento formal deste local como a Secção e Ponto Estratigráfico de Fronteira Global (GSSP) para o Período Criogénico, frequentemente referido como um “pico dourado” em termos geológicos. Esta designação, atualmente em análise pela União Internacional das Ciências Geológicas, marcaria oficialmente o início do Período Criogénico no registo geológico.

“As camadas de rocha expostas nos Garvellachs são globalmente únicas. Por baixo das rochas depositadas durante o frio inimaginável da glaciação esturtiana estão 70 metros [229 pés] de rochas carbonatadas mais antigas formadas em águas tropicais”, disse o coautor do estudo e candidato a doutoramento da UCL, Elias Rugen.

“Estas camadas registam um ambiente marinho tropical com vida cianobacteriana florescente que gradualmente se tornou mais frio, marcando o fim de cerca de mil milhões de anos de um clima temperado na Terra”.

ZAP //

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