Terapia inédita com células estaminais trata espinha bífida antes do nascimento

Christopher Nelson / UC Davies

Robbie com a sua mãe, Emily.

Num ensaio clínico histórico, a primeira terapia do mundo com células estaminais tratou a espinha bífida antes do nascimento.

A espinha bífida é uma anomalia congénita do sistema nervoso que se desenvolve nos dois primeiros meses de gestação. Não existem dados estatísticos sobre a incidência de espinha bífida em Portugal, mas sabe-se que nos Estados Unidos afetam 1 em cada 1.000 recém-nascidos.

Estes defeitos são uma causa importante de mortalidade infantil. Nesta condição, ocorre um desenvolvimento incompleto do cérebro, da medula e das meninges.

Neste caso de sucesso, cuja intervenção aconteceu ainda antes do bebé nascer, o pequeno Robbie podia ter nascido paralisado da cintura para baixo.

Christopher Nelson / UC Davies

O bebé Robbie

O ensaio clínico, na primavera do ano passado, chegou a tempo de o ajudar. O tratamento único consiste num adesivo de células estaminais que é administrado à coluna do feto enquanto ainda está em gestação no ventre da mãe, explica o Interesting Engineering.

Emily foi a primeira paciente a participar no ensaio clínico e, mais de um ano depois, o seu filho Robbie encontra-se perfeitamente bem de saúde.

Atualmente, três bebés já nasceram após receberem tratamento de espinha bífida combinando cirurgia com células estaminais. As crianças vão ser monitorizadas pela equipa de investigadores até os 30 meses de idade para avaliar a segurança e eficácia do procedimento. A expectativa é que o tratamento chegue a 35 pacientes.

“Estou a trabalhar para este dia há quase 25 anos”, disse Diana Farmer, autora principal, em comunicado.

O trabalho preliminar de Farmer e companhia provou que a cirurgia pré-natal combinada com células estromais mesenquimais derivadas da placenta humana, mantidas no lugar com um andaime de biomaterial para formar um “remendo”, ajudou cordeiros com espinha bífida a andar sem deficiência percetível.

A equipa de cientistas adaptou a cirurgia para cães e voltou a verificar resultados encorajadores. E depois para humanos. Mais uma vez, os resultados foram positivos.

Depois de a mãe ser colocada sob anestesia geral, uma pequena abertura é feita no útero. Os cirurgiões fazem com que o feto flutue até ao ponto de incisão para expor a sua coluna e o defeito da espinha bífida. Depois usam um microscópio para iniciar o procedimento no qual o adesivo de células estaminais é colocado diretamente sobre a medula espinal. Por fim, incisão é fechada para permitir que o tecido se regenere.

Christopher Nelson / UC Davies

A operação feita ao feto durante a gravidez.

Os sintomas de um portador de espinha bífida são muito variáveis, dependendo do tipo de anomalia, explica o portal da CUF. Os defeitos fechados são identificados mais precocemente pela presença de um tufo de cabelo ou de uma mancha na pele no local da malformação espinal.

A espinha bífida pode associar-se a diversas complicações, desde as mais ligeiras, como alguma limitação funcional, às mais graves com grave incapacidade física e mental. Felizmente, a maioria das pessoas com esta condição apresenta um nível de inteligência normal.

Daniel Costa, ZAP //

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