O ministro dos Negócios Estrangeiros da Nova Zelândia, Winston Peters, confessou-se preocupado com a crescente influência da China na segurança do Oceano Pacífico e alertou para o risco “de desestabilização” na região.
A relação entre a China e a Nova Zelândia está, neste momento, mais complexa.
Os neozelandeses revelaram, esta sexta-feira, inquietações para com a crescente influência do país asiático na segurança da região.
“A China tem uma presença de longa data no Pacífico, mas estamos seriamente preocupados com o crescente envolvimento da China nos setores de segurança do Pacífico”, disse Winston Peters, ao Conselho Nova Zelândia-China, em Auckland, num discurso publicado no site do Ministério.
A Nova Zelândia não quer “desenvolvimentos que desestabilizem as instituições e os acordos que há muito sustentam a segurança” regional, advertiu.
Em causa está um pacto “misterioso” de segurança assinado com as Ilhas Salomão, em 2022, cujos termos não foram divulgados, cerca de três anos depois de a nação ter cortado laços diplomáticos com Taiwan a favor de Pequim.
Desde então, a região do Pacífico voltou a atrair a atenção de EUA, Austrália, Nova Zelândia e outros aliados depois de a China ter assinado esse acordo.
Nova Zelândia quer paz
O ministro neozelandês pediu ainda à China para desempenhar um “papel construtivo” na resolução de conflitos, como a invasão russa da Ucrânia ou a guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, bem como a favor do desmantelamento do programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte.
Winston Peters defendeu ainda o livre trânsito no mar do Sul da China, por onde passa um terço do comércio mundial e palco de tensões territoriais entre o gigante asiático e vizinhos.
O ministro apelou, além disso, para a “resolução diplomática e pacífica dos problemas no estreito de Taiwan“.
Outras questões abordadas neste discurso sobre “a complexa” relação da Nova Zelândia com a China, principal parceiro comercial do país oceânico, incluíram o respeito pelos direitos humanos, nomeadamente dos uigures e outras minorias muçulmanas na região chinesa de Xinjiang, bem como das populações de Hong Kong e Tibete.
O discurso de Peters surge depois de um encontro com o homólogo chinês, Wang Yi, em Wellington, em março, para reforçar os laços bilaterais, naquela que foi a primeira visita de um chefe da diplomacia chinesa à Nova Zelândia desde 2017.
A Nova Zelândia, nação com uma forte política antinuclear, está a ponderar aderir ao acordo AUKUS, assinado em 2021 entre Camberra, Londres e Washington e fortemente criticado por Pequim, que inclui o desenvolvimento e aquisição de submarinos nucleares pela Austrália.
// Lusa