Portugal e Espanha já pediram ajuda à Comissão Europeia quando a chuva continua a ser uma miragem em pleno Inverno. Esta terça-feira, as temperaturas máximas poderão atingir os 25 graus em algumas regiões de Portugal Continental, uma situação acima do normal para época.
“Hoje e quarta-feira vamos ter temperaturas entre os 20 e os 24 graus Celsius nas regiões do litoral norte e centro, na região sul podem atingir os 25 graus e no interior entre os 20 e os 22″, revela à Lusa Cristina Simões, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“As temperaturas estão elevadas e a tendência é para subirem gradualmente estes dois dias. Estão um pouco acima da média“, acrescenta ainda Cristina Simões.
Mas, a partir de quinta-feira, está prevista uma descida da temperatura máxima de três a cinco graus ou até seis graus, e espera-se que ocorra precipitação na região sul.
“Não é uma precipitação muito significativa em relação ao que seria esperado para um retrocesso do estado em que está o continente com a seca, mas temos esta possibilidade de alguma precipitação que não vai continuar”, explica ainda a meteorologista.
Na sexta-feira, deve chover de forma mais generalizada pelo país, mas “no fim de semana, já temos céu pouco nublado“, conta ainda à Lusa.
Este cenário meteorológico não é animador e segue a linha dos últimos tempos, o que vem agudizar o problema da seca.
Nesta altura, mais de 90% do território português está em seca severa ou extrema.
UE disposta a ajudar Portugal e Espanha
Portugal e Espanha estão a tentar sensibilizar a União Europeia (UE) para o cenário dramático que se vive na Península Ibérica, pedindo “medidas imediatas” de apoio “para fazer face às necessidades” dos agricultores, devido à seca, como referiu a ministra da Agricultura portuguesa, Maria do Céu Antunes.
“Recebemos, por parte do comissário, uma abertura grande para poder fazer face a medidas imediatas que ajudem os agricultores da Península Ibérica a ter respostas imediatas a esta contingência”, disse a governante.
Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, no final de um Conselho de Agricultura no qual apresentou, com o seu homólogo espanhol, medidas de apoio para “ajudar os agricultores que passam por momentos muito difíceis”, Maria do Céu Antunes escusou-se a avançar com valores.
“Isso vai depender daquilo que são as disponibilidades de cada um dos Estados-membros”, apontou.
“Aquilo a que o senhor comissário se comprometeu connosco foi a estar atento àquilo que são as necessidades e àquilo que é a evolução também da situação” e que “podemos estar à espera do que for necessário para fazer face às necessidades dos nossos agricultores”, apontou a governante.
Entre as medidas pedidas pelos ministros a Bruxelas estão adiantamentos para Outubro dos pagamentos directos e das medidas de superfície no desenvolvimento rural, levantamento de algumas obrigações relativamente a, por exemplo, terrenos em pousio ou sobre áreas de maior sensibilidade.
Estão ainda em causa apoios financeiros directos no âmbito do regulamento da organização comum dos mercados dos produtos agrícolas e do programa relativo aos impactos financeiros da pandemia, que seria alargado à seca.
Os responsáveis solicitaram, ainda, a activação de apoio de um grupo de peritos no âmbito do mecanismo europeu de preparação e resposta a situações de crise no domínio da segurança alimentar.
Recorrer ao fundo de solidariedade seria “catastrófico”
“Também falámos sobre a possibilidade, caso isso justifique, de os nossos agricultores poderem vir a utilizar o fundo de solidariedade europeu. Esperamos não vir a precisar de o fazer porque seria catastrófico porque para utilizar este fundo era necessário de facto a situação se agravar”, referiu também a ministra.
“Temos de ter medidas concretas e temos que ter medidas europeias que nos ajudem a ultrapassar esta situação”, adiantou Maria do Céu Antunes.
ZAP // Lusa