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Tem tendências psicopatas? Talvez sejam a chave para o sucesso

Em certas áreas profissionais, a ousadia pode ser a qualidade necessária para um simples psicopata se tornar num psicopata bem-sucedido — há que ver o copo meio cheio.

Nem todos os psicopatas são como o Hannibal Lecter: charmosos, egocêntricos e perigosos. Nem todos cumprem as regras ditadas pelo perfil de perigosidade e violência.

Ou, pelo menos, é assim que se rege a psiquiatria moderna e a sua abordagem dimensional, que encara a psicopatia como um espetro de diferentes graus de severidade — uma abordagem que abriu portas à exploração do distúrbio antissocial na população geral. E a conclusão a que a ciência contemporânea chegou é que eles estão por todo o lado, havendo até o que alguns investigadores têm vindo a chamar de “psicopatas bem-sucedidos.”

Entre os vários traços psicológicos que interagem para “construir” um psicopata, tem surgido outro nas investigações recentes que pode ser a chave para um “louco” se tornar um “psicopata bem-sucedido” — a ousadia.

Definida como uma mistura de domínio social, resiliência emocional e audácia pelos investigadores, a ousadia é, aos olhos do investigador de psicopatia, Christopher Patrick, o traço fundamental para levar psicopatas a posições de liderança.

“Pode-se pensar na ousadia como medo expressado no reino das interações com outras pessoas onde não se é intimidado com facilidade, mas sim mais assertivo e até dominante com outras pessoas”, disse o psicólogo, segundo a Smithsonian.

“Traços psicopatas existem em toda a gente”

Nem todos concordam com a reformulação positiva dos traços psicopatas. Um dos maiores críticos é o paicólogo Klaus J. Templer, que discorda da opinião de que a ousadia é um traço importante na condição.

Um estudo de 2021 indicou que a ousadia era em grande parte irrelevante, já que níveis aumentados de maldade e desinibição podiam explicar comportamentos antissociais.

O debate desafia o estudo da psicopatia baseada nos atos criminosos e a subsequente rotulação da psicopatia como um distúrbio inerente à violência.

O foco nos traços negativos do distúrbio marginalizou o estudo de psicopatas bem-sucedidos, avisa a psicóloga forense, Louis Wallace, que ajudou inclusive a produzir uma Escala de Psicopatia Bem-sucedida de 54 questões, projetada para identificar e avaliar traços psicopáticos na população geral.

“Os traços psicopatas existem em toda a gente até certo ponto e não deveriam ser glorificados ou estigmatizados“, disse.

Esta ideologia não só desafia os estereótipos enraizados pela cultura popular, como abre portas para um estudo mais abrangente e empático das pessoas com traços psicopatas.

Tomás Guimarães, ZAP //

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