Tem 80 anos e enganou-se a preencher um formulário. Foi ameaçada de deportação do Reino Unido

O formulário foi preenchido online, mas tinha de ser feito em papel. Ninguém sabia — não houve comunicação do Ministério. Agora, deverá ser expulsa de casa do filho, e o governo nem permite recurso.

Parece um filme do realizador britânico Ken Loach, mas é a realidade da polaca Elzbieta Olszewska, atualmente com 80 anos, que chegou em setembro do ano passado ao Reino Unido.

O objetivo era reunir-se com o seu filho, Michal Olszewski, de 52 anos, para que este (que tem dupla nacionalidade, polaca e inglesa) lhe pudesse prestar apoio, uma vez que se encontrava fragilizada e vivia sozinha em Varsóvia.

A lei britânica permite que pessoas com dupla nacionalidade neste tipo de situações possam trazer familiares para o país. A confusão foi só uma, e envolveu um formulário, explica o The Guardian.

Elzbieta tinha um visto temporário de 6 meses, e submeteu o pedido de residência no país atempadamente. No entanto, no dia 25 de março deste ano, recebeu uma carta que a informava de que “infelizmente, o seu pedido não é válido e não podemos aceitá-lo”.

Até ao momento, o Ministério do Interior não tinha estabelecido qualquer contacto com a família, pelo que a notícia surpreendeu Michal e a sua mulher. “O processo de candidatura exigido para alguém que se candidate como membro da família de um cidadão britânico naturalizado relevante é utilizar o formulário em papel apropriado. O seu pedido foi feito online. Não existe direito de recurso relativamente a um pedido inválido”, lia-se ainda na carta.

Terminados os 6 meses do visto inicial, Elzbieta pode agora ser deportada do país, uma vez que, mantendo-se lá em situação ilegal, pode inclusivamente ser presa.

O Ministério do Interior declarou que está a transferir o seu sistema de imigração para a Internet. Mas nem toda a gente sabe que alguns pedidos ainda têm de ser feitos em papel.

“Isto é uma grande vergonha por parte do Ministério do Interior. Só passados quase seis meses é que nos disseram que o pedido não era válido. A minha mãe está muito angustiada com esta situação. Sou o seu único filho, somos muito próximos e queremos passar os seus últimos anos juntos”, enfurece-se o filho.

A advogada da família, Katherine Smith, também comentou o sucedido. “As implicações de um pedido ser rejeitado como inválido são muito drásticas. Foi muito difícil o Ministério do Interior não aceitar o pedido online ou dar tempo para que o formulário em papel fosse preenchido. Elzbieta não tem agora estatuto legal no Reino Unido devido ao atraso na decisão e está angustiada com o facto”.

ZAP //

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