O uso de “telhados verdes” mostrou-se eficiente para reduzir os impactos no microclima no topo de um edifício na região central de São Paulo, concluiu um estudo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Telhado verde é uma técnica de arquitectura que consiste na aplicação e uso de solo ou substrato e vegetação sobre uma camada impermeável, geralmente instalada na cobertura de residências, fábricas, escritórios e outras edificações. As suas principais vantagens são facilitar a drenagem, fornecer isolamento acústico e térmico e produzir um diferencial estético e ambiental na construção.
Os prédios analisados no estudo divulgado foram o Edifício Conde Matarazzo (sede da Câmara Municipal de São Paulo), que possui um amplo telhado verde, e o Edifício Mercanti, cujo telhado é de cimento. Os resultados indicaram que o edifício com telhado verde chegou a ficar 5,3 graus Celsius (ºC) mais frio do que o edifício de cimento; já a humidade relativa do ar foi 15,7% maior. Os dois edifícios estão no centro de São Paulo.
“O telhado verde absorveu grande parte da radiação solar emitindo uma menor quantidade de calor para a atmosfera, o que aumenta a qualidade ambiental das cidades, podendo fazer parte das políticas públicas do município como forma de ampliar as áreas verdes”, diz o geógrafo e professor universitário Humberto Catuzzo, autor do estudo.
Os edifícios foram escolhidos por se localizarem ambos na margem direita do Vale do Anhangabaú e estarem sujeitos a condições atmosféricas e de insolação semelhantes. No topo foram instalados sensores a 1,5 metros (m) do chão, padrão internacional para medição da temperatura e humidade relativa do ar.
A diferença entre as temperaturas máxima e mínima (amplitude térmica) do dia chegou a ser 6,7º C menor no telhado verde num dia de verão. “Isso significa que o edifício demora mais a aquecer e a arrefecer, o que mantém a temperatura do ar muito mais constante”, aponta Humberto Catuzzo. Já a amplitude higrométrica chegou a ser 7,1% menor no telhado verde, o que significa que ele perde menos humidade do que o telhado de cimento ao longo do dia.
O telhado verde pode ser de três tipos. O primeiro, de tipo “intensivo” (vegetação de porte arbustivo a arbóreo, com relva permanente), requer um processo de impermeabilização adequado, sistema de irrigação e drenagem, alta manutenção e tem um alto custo.
O segundo tipo, “extensivo” (vegetação rasteira, geralmente gramíneas), tem baixa manutenção, nenhuma irrigação e menor custo. Um terceiro tipo, classificado como “semi-intensivo” (gramíneas e arbustos) tem também necessidade de sistema de impermeabilização e irrigação constante.
“Para todos estes tipos é fundamental que se realizem cuidados especiais quanto à impermeabilização e o cálculo de peso da estrutura, para verificar se realmente o edifício ou casa suporta o peso”, conclui Humberto Catuzzo.
ZAP / USP Notícias
