Se algum cientista tiver na mira a descoberta de novas espécies, poderá ter de olhar com mais atenção para a sola dos seus sapatos ou para o seu telemóvel. Um estudo recente encontrou nove ramos não estudados da vida bacteriana nestes objetos.
Uma investigação recente acaba de encontrar nove ramos não estudados da vida bacteriana em amostras de sapatos e telemóveis. O estudo foi recentemente publicado na PeerJ.
A investigação foi conduzida por Jonathan Eisen, da Universidade da Califórnia. Os cientistas utilizaram cotonetes para recolher cerca de 3.500 testes entre os membros do público que participam em eventos desportivos, visitas a museus ou eventos educacionais nos Estados Unidos.
Depois de a equipa ter sequenciado e analisado o ADN das bactérias de cada amostra, descobriu que estavam presentes 35 filos de diferentes de bactérias. Os filos são grandes ramos da árvores genealógica da vida e são subdivisões de reinos maiores, que incluem bactérias, plantas ou animais.
Segundo as listas oficiais de nomenclatura, existem apenas 39 filos de procariontes, aqueles que têm células bacterianas pequenas que carecem de um verdadeiro núcleo. No entanto, a equipa encontrou 9 possíveis filos extra que moram em sapatos e telemóveis, sugerindo assim que há, afinal, uma grande variedade de vida bacteriana que desconhecíamos até agora.
A investigação demonstrou que 10% das amostras continham ADN de bactérias pertencentes à chamada matéria escura microbiana, organismos dos quais pouco sabemos, uma vez que são difíceis de cultivar e estudar em laboratório.
Além disso, as amostras continham bactérias pertencentes a grupos extremamente raros, como a Edwardsbactera, descoberta pela primeira vez num aquífero de águas subterrâneas, e Diapherotrites, que se encontrava antigamente na água que se filtrava de forma subterrânea numa mina de ouro abandonada.
Sean Gibbons, um microbiologista da Universidade de Washington, afirma que graças aos recentes avanços nos métodos de sequenciamento genético são identificados todos oa anos filos bacterianos desconhecidos.
“Os organismos desconhecidos da Ciência estão debaixo dos nossos narizes e vivem nos nossos sapatos e telemóveis”, disse, citado pelo New Scientist.