Cientistas usam tecnologia semelhante ao ChatGPT para ler pensamentos

geralt / pixabay

Cientistas criaram um descodificador de linguagem capaz de traduzir pensamentos humanos em texto utilizando um transformador de inteligência artificial (IA) semelhante ao ChatGPT.

Num estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature Neuroscience, os investigadores descreveram a forma pela qual o descodificador foi capaz de interpretar a essência das histórias que os humanos viram, ouviram ou até imaginaram, utilizando padrões cerebrais de ressonâncias magnéticas.

Este feito permite essencialmente que a tecnologia leia a mente das pessoas com uma eficácia sem precedentes, embora ainda esteja numa fase inicial. A equipa acredita que esta invenção poderá eventualmente ajudar as pessoas com doenças neurológicas que afetam a fala a comunicar.

No entanto, também alertaram para o facto de as plataformas de leitura do cérebro poderem ter aplicações nefastas, como a vigilância de governos e patrões.

O descodificador desenvolvido pelos investigadores marcou a primeira vez que a linguagem contínua foi reconstruída de forma não invasiva a partir de atividades cerebrais humanas lidas através de uma máquina de ressonâncias magnéticas.

De acordo com Jerry Tang, autor principal do estudo, “atualmente, a descodificação da linguagem é feita utilizando dispositivos implantados que requerem neurocirurgia, e o nosso estudo é o primeiro a descodificar linguagem contínua, ou seja, mais do que palavras ou frases completas, a partir de registos cerebrais não invasivos”.

“Eventualmente, esperamos que esta tecnologia possa ajudar as pessoas que perderam a capacidade de falar devido a lesões como acidentes vasculares cerebrais ou doenças como a ELA”, acrescentou.

Os investigadores conseguiram produzir o seu descodificador com a ajuda de três participantes humanos que passaram 16 horas cada um numa máquina de ressonâncias magnéticas a ouvir histórias.

Os investigadores treinaram um modelo de IA designado GPT-1 com comentários do Reddit e histórias autobiográficas, explica a VICE. O GPT-1 foi utilizado para relacionar as características semânticas das histórias gravadas com a atividade neural captada nos dados das ressonâncias.

De seguida, os participantes foram submetidos a uma ressonância magnética do cérebro enquanto ouviam novas histórias que não faziam parte do conjunto de dados de treino. O descodificador conseguiu traduzir as narrativas de áudio para texto à medida que os participantes as ouviam, embora estas interpretações utilizassem frequentemente construções semânticas diferentes das gravações originais.

A nova abordagem permitiu à equipa ultrapassar os limites das tecnologias de leitura da mente, verificando se o descodificador conseguia traduzir os pensamentos dos participantes enquanto estes viam filmes mudos ou apenas imaginavam histórias nas suas cabeças.

O descodificador produziu resultados mais precisos durante os testes com gravações de áudio, em comparação com o discurso imaginado, mas ainda assim foi capaz de recolher alguns pormenores básicos de pensamentos a partir da atividade cerebral.

ZAP //

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