Nem sempre o cliente tem razão. Na Tailândia, hotéis estão a processar quem deixa críticas más

Um resort tailandês está a processar uma cliente que deixou uma crítica má na internet, num caso que não é inédito no país.

Costuma dizer-se que o cliente tem sempre razão, mas para alguns hotéis na Tailândia, este chavão parece não ser bem verdade. Um resort tailandês está a processar uma cliente que deixou uma crítica má num site de reservas de viagens.

No dia 19 de dezembro, uma hóspede de nome “Khing” esteve no Ozone Hotel, perto do Parque Nacional Khao Yai. Apesar de pagar um elevado preço pelo seu quarto num parque que é Património Mundial da UNESCO, Khing não ficou satisfeita e fez questão de o manifestar na internet.

No site da agência de viagens Agoda, Khing avaliou o hotel com um 6 de 10, salientando que era “demasiado caro” e que ficou aquém das suas expectativas. Entretanto, a crítica foi removida do site.

“O quarto não parecia novo como foi anunciado”, lia-se na crítica da cliente, citada pela VICE. “Eu não conseguia ligar para a receção do meu quarto, por isso tive que descer sozinha. Os funcionários do turno da noite não foram tão prestativos, mas alguns foram acolhedores”, acrescentou.

Inicialmente, o Ozone Hotel respondeu com uma resposta bastante genérica e apologética.

No entanto, mais tarde enviou-lhe um aviso oficial exigindo que apagasse a crítica e publicasse um pedido público de desculpas em cinco jornais de língua tailandesa durante sete dias ou, caso contrário, teria de pagar uma indemnização choruda.

“Ela foi informada pelo resort para apagar o comentário da avaliação imediatamente, ou então pagar ao resort 50.000 baht tailandeses [cerca de 1.300 euros] por dia em compensação e 3 milhões [cerca de 79.000 euros] pelos danos”, explicou o advogado de Khing.

Por incrível que possa parecer, este não é um caso único no país. Em 2020, um outro hotel ameaçou processar um turista norte-americano que deixou repetidas críticas negativas sobre o hotel no TripAdvisor e em outros sites de viagens, incluindo uma alusiva à “escravidão” que ocorria no hotel.

O turista acabaria por ser detido por difamação e passou um fim de semana na prisão local. O norte-americano saiu em liberdade, mas emitiu um pedido público de desculpas no qual admitiu que se tinha “deixado levar”.

Mesmo que as críticas sejam consideradas verdadeiras ou justas, isso não protege necessariamente alguém de ações legais na Tailândia.

Daniel Costa, ZAP //

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