Um ex-ministro afegão, que se mudou para a Alemanha no ano passado, trabalha agora como estafeta de entrega de comida na cidade de Leipzig.
Segundo o jornal The Independent, Syed Ahmad Shah Saadat, que foi ministro da Informação e das Comunicações do Afeganistão, foi visto recentemente por um jornalista local em Leipzig, na Alemanha, a trabalhar como estafeta.
O afegão pertenceu ao Governo do agora exilado Ashraf Ghani – Presidente que fugiu do país quando os talibãs tomaram o poder – em 2018. Depois de assumir a pasta durante dois anos, Saadat renunciou ao cargo, em dezembro do ano passado, e deixou o país rumo à Alemanha.
De acordo com a Sky News, citada pelo jornal britânico, o ex-governante começou a trabalhar na empresa de entrega de comida Lieferando quando ficou sem dinheiro. Saadat afirma que a sua história deve “servir como um catalisador para mudar a forma como as pessoas com mais estatuto vivem as suas vidas na Ásia e no mundo árabe”.
O Independent acrescenta que Saadat terá dois mestrados em Comunicação e Engenharia Eletrónica pela Universidade de Oxford. Com uma carreira de mais de 23 anos, além de ministro, já trabalhou com pelo menos 20 empresas em 13 países.
Antes de ter pertencido ao Governo afegão, trabalhou como consultor técnico para o Ministério das Comunicações e da Tecnologia da Informação do Afeganistão, entre 2005 e 2013. Também foi diretor executivo da Ariana Telecom, em Londres, de 2016 a 2017.
“Apesar de ter dois mestrados, uma licenciatura e 20 anos de experiência profissional, não sabia alemão e não conseguia encontrar trabalho na Alemanha na minha profissão”, relatou numa publicação nas redes sociais, citada pelo canal russo RT.
Apesar disso, Saadat destaca que “para avançar na vida, é preciso trabalhar” e que não tem vergonha de fazer o que faz atualmente. “Não tenho vergonha do meu trabalho e não me sinto inferior. Acho que os afegãos não vão ter vergonha de ver um ex-ministro a trabalhar”, acrescentou ainda.
…”Acho que os afegãos não vão ter vergonha de ver um ex-ministro a trabalhar”
Já no caso dos portugueses não seria vergonha, seria estupefacção.