Após o susto inicial, Macron descolou-se de Le Pen no sprint final da campanha (e agradeceu apoio de Costa)

Eric Feferberg / EPA

Marine Le Pen (E) e Emmanuel Macron (D)

Macron tem conseguido ganhar terreno contra Marine Le Pen nos últimos dias, de acordo com as sondagens, e antecipa-se uma reeleição sua no domingo.

No último dia da campanha e com o domingo decisivo a aproximar-se, as sondagens para as presidenciais francesas apontam para uma vitória confortável de Emmanuel Macron no confronto com Marine Le Pen.

Uma sondagem do Ipsos revela que 57,5% dos inquiridos vão votar no actual Presidente, enquanto que 42,5% preferem a candidata da União Nacional. A margem de erro é de 3,3 pontos, o que garante, em teoria, uma vitória mais confortável para Macron do que se esperava no início da campanha.

Apenas 5% dos franceses que apostaram em Macron afirmaram que ainda podem mudar de ideias. Já 8% dos inquiridos que apoiam Le Pen não descartam a possibilidade de, na hora da verdade, votarem em Macron.

Um factor que pode ser decisivo são os votos em branco, com 40% dos inquiridos que afirmaram que pretendem deixar o boletim por preencher a adiantar que ainda podem vir a escolher um dos candidatos até domingo.

Outra sondagem do BVA adianta que Macron deve permanecer no Eliseu e vencer com uma margem de 11 pontos percentuais. O agregador de sondagens Poll of Polls, do Politico, dá 55% de probabilidades de vitória para o liberal e apenas 45% para a candidata de extrema-direita.

Recorde-se que nem sempre as sondagens deram uma margem tão confortável para Macron. Antes da primeira volta, o actual Presidente estava em empate técnico com Le Pen e alguns inquéritos chegaram mesmo a prever uma vitória para a adversária, que apostou em promessas de combate à inflação para conquistar os franceses.

O debate de quarta-feira ajudou a dar um impulso final às esperanças de reeleição de Macron, com as sondagens sobre o confronto a mostrarem que a população preferiu a prestação do chefe de Estado à da candidata da União Nacional.

Para além do debate, os apelos de Jean-Luc Mélenchon para que os seus apoiantes rejeitem Le Pen — sem nunca apoiar directamente Macron — também podem estar a ajudar a que o eleitorado de esquerda concentre o voto útil no actual Presidente na esperança de travar a chegada da extrema-direita ao poder.

Mélenchon foi o terceiro mais votado, com quase 22% dos votos, tendo ficado de fora da segunda volta. No entanto, o seu resultado eleitoral traçou o retrato de uma França tripartida, pelo que o voto dos seus apoiantes é decisivo na corrida ao Eliseu. Cabe agora a Le Pen e Macron tentar captar o seu apoio e evitar que este eleitorado não vote ou vote em branco como forma de protesto.

A abstenção é também um dos enigmas que dificultam a previsão dos resultados, já que quase um quarto dos eleitores não votou na primeira volta e antecipa-se que muitos dos apoiantes dos candidatos que não passaram para o confronto final possam ficar em casa. 44% dos eleitores de Mélenchon já admitiram que podem faltar à chamada às urnas no domingo.

Segundo Gaël Sliman, presidente do instituto de sondagens Odoxa, Macron não consegue atrair mais de 50% dos votos do eleitorado dos outros candidatos. Já Marine Le Pen consegue concentrar o apoio de mais de 80% dos eleitores de Éric Zemmour, outro candidato de extrema-direita conseguiu 7% na primeira volta.

Macron agradece apoio de Costa

O candidato às presidenciais francesas Emmanuel Macron disse hoje à Lusa que o apelo feito pelo primeiro-ministro português, António Costa, para votar nele na segunda volta das eleições é “muito importante, a título individual e entre os dois países”.

“Quero agradecer ao meu amigo Costa, que foi formidável. O António foi adorável, e fiquei muito emocionado”, afirmou o também Presidente francês em declarações à Lusa à chegada à cidade de Figeac, na região do Lot, no sudoeste de França, onde decorre o último comício do candidato antes da segunda volta das eleições presidenciais francesas.

Questionado se o apoio do primeiro-ministro português é importante, Macron respondeu: “É muito importante! A título individual, e entre os dois países”.

O agradecimento do chefe de Estado francês surge depois de António Costa, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchéz e o chanceler alemão Olaf Scholz terem apoiado conjuntamente a candidatura de Macron na quinta-feira, com um texto publicado no jornal português Público, no espanhol El País e no francês Le Monde.

“A segunda volta das eleições presidenciais francesas não pode ser ‘business as usual’ para nós. A escolha que o povo francês enfrenta é crucial — para a França e para cada um de nós na Europa. É a escolha entre um candidato democrático, que acredita que a força da França cresce numa União Europeia poderosa e autónoma, e uma candidata de extrema-direita, que se coloca abertamente do lado daqueles que atacam a nossa liberdade e a nossa democracia — valores baseados nas ideias francesas do iluminismo”, defenderam.

Adriana Peixoto, ZAP // Lusa

 

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