A África do Sul está em sarilhos com as suas focas brincalhonas. Um surto de raiva sem precedentes está a preocupar as autoridades e a afastar as pessoas da praia.
Na África do Sul, um surto inédito de raiva em focas peludas sul-africanas (Arctocephalus pusillus) está a causar alarme entre a população, especialmente surfistas e banhistas na Cidade do Cabo.
De acordo com a CNN, até agora, onze focas testaram positivo para a doença, que é transmitida através da saliva e afeta o sistema nervoso central.
Os sintomas incluem febre, dor, formigueiro e sensações de queimadura, podendo evoluir para uma inflamação fatal do cérebro e da espinal medula, se não forem tratados imediatamente. Os sintomas podem levar de uma semana a dois anos para aparecer, mas geralmente ocorrem de um a três meses após a exposição.
Este é considerado o primeiro grande surto de raiva em mamíferos marinhos a nível global.
O último (único?) caso de raiva em focas que havia sido registado em 1980, nas Ilhas Svalbard, na Noruega.
O que deu às focas brincalhonas?
Já há alguns anos que as Arctocephalus pusillus, conhecidas pelo seu comportamento brincalhão, começaram a exibir sinais de agressividade. No final de 2021, os ataques a humanos começaram a ser frequentes.
Inicialmente, a causa da agressão era desconhecida, dado que só havia um caso anterior de raiva em focas. A confirmação só veio após incidentes agressivos em 2022, incluindo um onde uma foca mordeu três surfistas.
Numa publicação no Facebook, as vítimas explicaram o ataque. Um dos surfistas disse que uma “pequena foca” se agarrou à prancha e começou a mordê-lo: “A foca veio na minha direção a alta velocidade; atirou-se para as minhas costas e fez um buraco no meu fato de mergulho e mordeu-me nas costas“, explicou citado pela Live Science.
Após aquele episódio, as autoridades eutanasiaram e testaram quatro focas, descobrindo que três estavam infetadas.
11 casos confirmados
Os recentes casos de raiva confirmados aumentaram para onze ao longo de 300 km da costa da Cidade do Cabo.
Embora tenham continuado a haver interações frequentes entre focas e pessoas, não há, até ver, registos de transmissão da doença para humanos.
As autoridades aconselham surfistas e nadadores a manterem distância de focas que demonstram comportamento estranho ou agressivo e a procurarem assistência médica imediata caso sejam mordidos.
De acordo com o The Guardian, os cientistas já estão a sequenciar o vírus para entender melhor a origem e a dispersão da doença.
Há preocupações de que a raiva possa tornar-se endémica entre as focas, que formam colónias densas, e potencialmente se espalhar para outros animais.
Esta situação tem vindo a alterar a interação habitual entre humanos e focas, com surfistas a evitar cada vez mais estes animais, ao invés de procurar a proximidade anteriormente apreciada e incentivada.