Surpresa! Estes pepinos-do-mar brilham

Manabu Bessho-Uehara/Universidade de Nagoya

Os cientistas descobriram 10 espécies de pepinos-do-mar que habitam nas profundezas do mar e que são, na verdade, bioluminescentes.

Os pepinos-do-mar são criaturas marinhas invertebradas fascinantes e algumas espécies têm a capacidade de produzir luz, um fenómeno conhecido como bioluminescência.

Como as águas-vivas, fungos, vermes marinhos e vagalumes, algumas espécies de pepinos-do-mar brilham no escuro.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Nagoya, no Japão, descobriu que 10 espécies conhecidas de águas profundas são bioluminescentes nos seus habitats naturais.

As descobertas fazem parte de um livro chamado “O Mundo do Pepino do mar“, publicado em novembro de 2023.

Existem aproximadamente 1200 espécies de pepinos-do-mar. Estes invertebrados marinhos são encontrados em todos os oceanos da Terra, mas são mais comuns no oeste do Pacífico e no Oceano Índico.

De acordo com o Popular Science, geralmente, habitam águas rasas, mas algumas espécies vivem a profundidades de milhares de pés.

Alguns pepinos-do-mar são conhecidos por, quando provocados, libertar uma substância pegajosa semelhante a massa alimentícia.

De acordo com a NOAA, a luz emitida por animais bioluminescentes é produzida pela energia libertada a partir de reações químicas internas que, às vezes, são ejetadas pelo organismo.

A sua função ainda é um mistério, mas, geralmente, é usada para afastar ou escapar de predadores, encontrar comida ou como uma forma de comunicação.

Os autores basearam-se em pesquisas anteriores sobre pepinos-do-mar para destacar as diferenças entre as espécies que habitam águas rasas e os seus parentes bioluminescentes das profundezas do mar.

Para descobrir as 10 espécies de pepinos-do-mar bioluminescentes, a equipa utilizou um veículo controlado remotamente a cerca de 1000 metros de profundidade na superfície da Baía de Monterey, na Califórnia. O veículo estava equipado com um sensor muito sensível e um braço controlado roboticamente a partir do navio.

Ao contrário da bioluminescência mais uniforme vista em espécies retiradas para navios, a luz estava a brilhar da cabeça à cauda do pepino do mar e depois voltando de forma semelhante a uma onda.

Segundo os autores, a luminosidade previamente desconhecida destas 10 espécies de pepinos-do-mar das profundezas sugere que elas são mais diversas do que os cientistas acreditavam anteriormente.

“À medida que a exploração e o desenvolvimento do fundo do mar continuam, informações sobre a sua biodiversidade e ecologia, tornam-se importantes, porque nos permitem avaliar o impacto das atividades humanas nos ecossistemas do fundo do mar”, afirmou Manabu Bessho-Uehara, bioquímico da Universidade de Nagoya e co-autor do livro.

“A poluição por metais pesados provenientes do lodo descartado durante as operações de perfuração e o ruído derivado de motores que interrompe a comunicação sonora são problemas importantes, mas os efeitos sobre os organismos quando os sinais de bioluminescência são perturbados, como quando a luz é obscurecida pelo lodo de perfuração, não foram examinados. É necessário esclarecer a importância da bioluminescência no fundo do mar e encontrar medidas que levem a um desenvolvimento sustentável”.

Estudar a fauna e a flora que vivem nestes locais extremos também pode fornecer conhecimentos valiosos sobre toda a vida na Terra. Pode ajudar a descobrir novos vírus que prosperam em fontes hidrotermais e os fatores em jogo no clima e no ciclo do carbono da Terra.

“Acredito que entender os ecossistemas do fundo do mar e as interações entre os organismos levará a uma melhor compreensão da vida na Terra“, disse Bessho-Uehara.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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