Hartmut Neven, líder da equipa de IA quântica da Google, está crente na “ideia de que vivemos num multiverso” após o mais recente feito do supercomputador da empresa.
O novo chip quântico da Google, chamado Willow, resolveu um problema computacional incrivelmente complexo em menos de cinco minutos. Para comparação, mesmo os supercomputadores mais avançados do mundo demorariam cerca de 10 septilhões de anos para resolver o mesmo problema.
O feito suscitou controvérsia, realça o Daily Mail. Hartmut Neven, líder da equipa de IA quântica da Google, sugeriu que o espantoso desempenho do Willow apoia a teoria dos universos paralelos, uma pedra angular da “interpretação de muitos mundos” da mecânica quântica. Esta interpretação postula que os cálculos quânticos ocorrem em vários universos em simultâneo.
No entanto, nem todos os cientistas concordam com a conclusão de Neven. O astrofísico Ethan Siegel, num artigo publicado no Big Think, criticou Neven por confundir a mecânica quântica com o conceito de multiverso. Siegel esclareceu que a estrutura matemática da mecânica quântica, conhecida como espaço de Hilbert, não implica necessariamente a existência de universos paralelos.
Siegel explicou ainda que as duas principais interpretações do multiverso – uma envolvendo universos separados nascidos dos seus próprios Big Bangs, e outra sugerindo que cada decisão cria uma linha temporal ramificada – não estão relacionadas com a computação quântica.
Apesar de tudo, o perito reconheceu o significado tecnológico do sucesso de Willow, chamando-o de “um passo verdadeiramente excelente para a computação quântica”.
Além dos debates teóricos, a Google realça o potencial prático da computação quântica. As capacidades da Willow podem acelerar o progresso em vários domínios, incluindo a medicina, a energia limpa e os materiais avançados. Por exemplo, os computadores quânticos poderão ajudar a conceber baterias mais eficientes, descobrir novos medicamentos e melhorar as tecnologias de energia de fusão.
“Estas futuras aplicações revolucionárias não serão viáveis em computadores clássicos”, referiu Neven numa publicação no blogue da Google. “Estão à espera de ser desbloqueadas com a computação quântica”.
Winfried Hensinger, diretor do Centro de Tecnologias Quânticas de Sussex, descreveu os resultados de Willow como um “marco muito importante”.