Recorrendo a uma simulação de um super-computador, uma equipa de cientistas de Madrid acredita ter desvendado o segredo da resistência dos tardígrados.
Os tardígrados, popularmente conhecidos como ursos de água, são seres extremófilos, capazes de sobreviver em situações extremas, no vácuo do espaço e em temperaturas abaixo de zero, sendo mesmo considerado o animal mais resistente do mundo.
Sob stress ambiental, como desidratação ou temperaturas extremas, estes minúsculos seres vivos encolhem para um estado de “tun” através do qual o seu organismo fica quase totalmente inativo, explica o portal New Scientist.
Neste estado, podem sobreviver sem água durante décadas, tolerar altas doses de radiação gama e raios-X e sobreviver a temperaturas entre os -272 ° C a 150 ° C.
Por tudo isto, estes pequenos seres microscópicos são considerados os seres mais indestrutível da Terra, tal como refere a National Geographic.
Na maioria dos outros organismos, este tipo de stress ambiental acabaria por causar danos no ADN das células, mas os tardígrados possuem uma proteína que suprime eventuais danos (Dsup) que de alguma forma consegue proteger o material genético.
Agora, Marina Mínguez-Toral e a sua equipa do Centro de Biotecnologia e Genética de Plantas de Madrid, Espanha, realizaram uma simulação da interação entre Dsup e ADN que sugere uma explicação para a indestrutibilidade destes seres.
Recorrendo ao trabalho de um super-computador, a equipa modelou um sistema de duas moléculas Dsup e ADN, compreendendo mais de 750.000 átomos – foram “dias e dias” de trabalho deste computador, segundo os cientistas.
“As equações de movimento devem ser resolvidas para cada um destes átomos 50 milhões de vezes para obter uma simulação de 100 nanossegundos”, diz Mínguez-Toral.
A modelagem de todos os átomos na proteína e de todas as suas interações eletrostáticas mostrou que a proteína é “intrinsecamente desordenada” e altamente flexível, parecendo ser capaz de ajustar a sua estruturas para se ajustar precisamente à forma do ADN.
“O nosso estudo revela que os efeitos elétricos subjacentes às atrações de carga positiva-negativa determinam a dinâmicas das mudanças estruturais da Dsup na sua interação com o ADN (…) Acreditamos que esta blindagem elétrica é fundamental para proteger o ADN da radiação”, rematou Mínguez-Toral, que publicou recentemente os resultados da investigação na revista científica Scientific Reports.