Sunak com caminho livre após saída de Boris (e pode ser eleito já hoje)

A saída de Boris Johnson da corrida deixou o caminho livre para Rishi Sunak ser o novo primeiro-ministro do Reino Unido. O ex-Ministro das Finanças é o único candidato que assegurou o apoio mínimo de 100 deputados.

Rishi Sunak está já com um pé dentro do número 10 de Downing Street. O ex-Ministro das Finanças britânico consolidou o seu favoritismo para suceder a Liz Truss após Boris Johnson ter anunciado que não vai participar na corrida.

Os boatos sobre um regresso do ex-primeiro-ministro começaram logo após a demissão de Truss e intensificaram-se depois de Johnson ter voltado antecipadamente das suas férias nas Caraíbas.

Sete ministros do Governo de Truss apoiaram um regresso de Boris — Jacob Rees-Mogg, James Cleverly, Anne-Marie Trevelyan, Nadhim Zahawi, Alok Sharma, Simon Clarke and Chris-Heaton Harris —, no entanto, após falar com Sunak e Penny Mordaunt, que se candidataram ao posto, o ex-líder Conservador anunciou que não conseguiram chegar a um acordo e que não se vai recandidatar.

“Nos últimos dias, fiquei impressionado com o número de pessoas que sugeriram que eu deveria mais uma vez contestar a liderança do partido Conservador”, começa Boris. “Fiquei tentado porque liderei o nosso partido a uma vitória eleitoral enorme há menos de três anos – e acredito que estou, portanto, numa posição única para evitar uma eleição geral agora”, explica.

Apesar de as contas dos jornais britânicos anteciparam que tinha o apoio de 54 parlamentares, o ex-chefe do Governo afirma que já tinha o apoio de 102 deputados — mais dois do que os 100 precisos para que a candidatura possa avançar para a ronda seguinte de votações.

“Haveria uma boa probabilidade de eu ser bem-sucedido na eleição com os membros do Partido Conservador. Mas, no decorrer dos últimos dias, infelizmente, cheguei à conclusão de que avançar simplesmente não seria a coisa certa a fazer. Não se pode governar efectivamente sem um partido unido no Parlamento. Acredito que tenho muito a oferecer, mas receio que este não seja o momento certo”, remata.

Sunak pode ser eleito já hoje

A saída de Boris Johnson da corrida dá um impulso a Rishi Sunak, que já na disputa com Truss tinha sido o candidato preferido dos deputados Conservadores. De acordo com as contas da BBC, Sunak é o único candidato formal até agora que reuniu o apoio de pelo menos 100 deputados, tendo 155 apoiantes.

Penny Mordaunt, uma veterana que já teve nove cargos ministeriais em oito departamentos do Governo, era uma figura relativamente desconhecida do público britânico antes da sua candidatura à liderança dos Conservadores após a demissão de Boris Johnson.

Desde então que a sua visibilidade aumentou e Mordaunt está também na corrida para suceder a Truss. No entanto, fica bastante aquém do apoio conseguido por Sunak — Mordaunt é a candidata preferida de apenas 25 deputados.

Mesmo que conseguisse conquistar o mínimo de 100 parlamentares, é provável que Mordaunt fosse pressionada a desistir da corrida, visto que isso iria obrigar o país a mergulhar num novo impasse na espera pelos resultados à eleição perante os membros do Partido Conservador.

Ter de chamar novamente a base a votos menos de dois meses depois das últimas eleições é algo que os Conservadores querem evitar a todo o custo, devido à imagem de instabilidade e incompetência que cria no eleitorado e também por só dar mais munições à oposição, que exige uma eleição geral — numa altura em que as sondagens antecipam uma vitória esmagadora dos Trabalhistas.

Por tudo isto, é provável que o novo primeiro-ministro seja já escolhido hoje às 14 horas, quando termina o prazo para a entrega das candidaturas. Sunak deve ser o consagrado, caso se verifique que é o único que conseguiu o apoio de 100 deputados. Assim, os Tories evitam ter de chamar os membros do partido novamente às urnas e permitem que Sunak tome posse o mais rapidamente possível.

Se se qualificarem dois candidatos, o Comité 1922, o conselho do partido que organiza as eleições internas, anunciará o nível de apoio de cada candidato hoje às 18 horas.

Assumindo que continuam na corrida dois candidatos, a votação dos militantes decorrerá entre terça e sexta-feira por via eletrónica, em vez de por correio, como aconteceu nas últimas eleições.

As urnas fecharão às 11 horas de sexta-feira e o resultado será anunciado no mesmo dia, numa hora ainda por determinar.

Quando Boris Johnson se demitiu a 7 de julho, o processo eleitoral demorou quase nove semanas, tendo Liz Truss sido anunciada a vencedora, com 57% dos votos, a 5 de setembro. Sunak e Mordaunt ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente, num total de oito candidatos.

Desta vez o limiar de apoios necessários subiu de um mínimo de 20 para 100, precisamente para se limitar o número de potenciais candidatos e para se tentar evitar um novo processo eleitoral. O objectivo é também que o novo líder seja conhecido antes da apresentação do plano fiscal do Governo, marcada para 31 de Outubro.

Adriana Peixoto, ZAP //

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