Kiruna é a cidade mais a norte na Suécia e vai ser alvo de uma das mais ambiciosas obras de engenharia do nosso século: a cidade vai mudar de sítio.
A cidade vai ser deslocada três quilómetros para este por a uma questão de sobrevivência.
Kiruna, com pouco mais de 18 mil habitantes, é uma cidade mineira e está (literalmente) a afundar-se devido à deformação do solo.
Fundada em 1900 por uma empresa estatal de mineração, a cidade foi construída numa colina sobre uma vasta mina de minério de ferro.
À medida que a mina na fronteira ocidental de Kiruna se aprofunda cada vez mais no solo, o minério de ferro está a ser removido sob as fundações da cidade, literalmente minando o solo onde a cidade se encontra.
Se este deslocamento não ocorresse, grande parte da cidade poderia ruir ao longo do próximo século, à medida que o solo cedesse.
A indústria mineira, no entanto, também vai fazer parte da solução para o problema. A mineradora Luossavaara-Kiirunavaara AB (LKAB) está a dedicar 12 mil milhões de coroas suecas (quase 1.300 milhões de euros) para deslocar os moradores de Kiruna.
Os atuais habitantes podem vender as suas casas à LKAB por um montante 25% acima do valor de mercado ou optarem por receber uma nova casa – gratuitamente – na nova localização.
A primeira fase do processo de deslocamento já começou, de acordo com a empresa, com a mudança de 400 famílias.
A White Arkitekter, empresa que venceu o concurso para reprojetar a cidade, apresentou um plano de 20 anos, que prevê grande parte do deslocamento até 2033.
As obras na nova localização começaram em setembro de 2014 e a construção do novo edifício da autarquia começou no ano passado. A maioria dos prédios será demolida e reconstruída no novo local.
No entanto, alguns edifícios, como a Igreja de Kiruna – que em 2001 foi votada pelos suecos como o edifício mais bonito do país – e a torre do relógio da atual Câmara Municipal, serão mesmo deslocados para o novo centro da cidade.
O ambicioso projeto de engenharia, que está a ser preparado há alguns anos, complica-se pelo facto de se tratar de uma cidade que fica acima do círculo polar, com as respectivas temperaturas reduzidas, neve com fartura, noite constante durante parte do ano.
Fugir ao destino
O New York Times descreve que Kiruna não é a primeira cidade a passar por um processo assim.
Entre 1919 e 1921, a cidade natal de Bob Dylan, Hibbing (Minnesota, EUA) também foi deslocada cerca de três quilómetros para sul da sua localização original.
Numa situação que lembra o caso sueco, Hibbing – que fundada cerca de 10 anos antes de Kiruna – foi deslocada para permitir que uma empresa pudesse explorar o minério de ferro supostamente existente sob a cidade.
Outras cidades, incluindo Hill Village (New Hampshire, Reino Unido) e Tallangatta (Austrália), foram deslocadas para evitar a inundação provocada pela construção de novas represas. Uma localidade nos subúrbios de Louisville (Kentucky, EUA) foi deslocada depois dos moradores passarem a ser atormentados pelo barulho de um aeroporto próximo.
Por fim, é claro, há cidades por todo o mundo já consideram o deslocamento para fugir aos efeitos das alterações climáticas.
AF, ZAP / A Minha Alegre Casinha
“A cidade vai ser deslocada três quilómetros para este por a uma questão de sobrevivência”. Por frases como esta é que o acordo ortográfico é uma disparate…
Antes de ler toda a notícia estava um pouco mais incomodado pensando que iriam deslocar a cidade para a Coreia do Norte mas felizmente parece ser apenas uma pequena deslocação para Este.
Caro Vasco
Por acaso os jornalistas que escreveram este artigo lembraram-se da Aldeia da Luz, no Alentejo, que teve de ser relocalizada por causa da albufeira da Barragem de Alqueva?…