Os níveis de stress materno durante o início da gravidez podem ter um efeito duradouro na geração seguinte.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Göttingen e do Centro Alemão de Primatas – Instituto Leibniz de Pesquisa de Primatas levou a cabo uma investigação que se debruçou no stress materno e nas consequências no sistema hormonal do stress das crias.
Os resultados deste estudo de longo prazo, realizado com macacos selvagens na Tailândia, mostraram que a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), que desempenha um papel central no combate ao stress, pode ser significativamente influenciada pela exposição aos glicocorticóides maternos durante o desenvolvimento.
Segundo o EurekAlert, a fase mais crítica é a fase inicial da diferenciação de órgãos, que acontece na primeira metade da gravidez.
“As nossas descobertas revelam que, quanto mais adversidades a mãe passa no início da gravidez – escassez de alimentos ou conflitos sociais, por exemplo -, maior é a atividade do eixo HPA das crias”, explicou a investigadora Simone Anzá.
Ao contrário de outros estudos que foram realizados em laboratório, os investigadores alemães decidiram observar os macacos no seu habitat natural. Durante um período de nove anos, recolheram várias amostras fecais de fêmeas grávidas e mediram a concentração de metabólitos glicocorticóides para determinar a exposição dos animais a fatores ambientais, como escassez de alimentos, flutuações de temperatura e interações sociais.
Os valores foram, depois, comparados com os níveis da hormona do stress das crias em diferentes idades, sendo que os efeitos do stress pré-natal foram evidentes desde a infância até à idade adulta.
De acordo com a equipa, este stress precoce está associado a um crescimento alterado, a mudanças negativas no microbioma intestinal e a uma pior função imunológica.
Embora o estudo tenha sido realizado em animais, Oliver Schülke, cientista da Universidade de Göttingen, alerta que o stress no início da gravidez pode também ter um efeito de longo prazo na saúde dos humanos e aumentar o risco de distúrbios e problemas imunológicos.
“As nossas descobertas podem ajudar a identificar o momento e os mecanismos que as medidas preventivas devem abordar para reduzir os riscos à saúde”, rematou o investigador.
O artigo científico foi recentemente publicado na Proceedings of the Royal Society B.