Esta sexta-feira, Steve Bannon foi formalmente indiciado perante um grande júri federal por desacato no Congresso.
Steve Bannon, antigo conselheiro e aliado do ex-Presidente norte-americano Donald Trump, foi indiciado por dois crimes de desacato, após ter recusado depor perante a comissão da Câmara dos Representantes que investiga o ataque ao Capitólio.
O Departamento de Justiça divulgou que Bannon, de 67 anos, foi indiciado por um crime de desacato, após se ter recusado a comparecer para um depoimento, e um outro por se recusar a fornecer documentos na sequência da intimação enviada pela comissão de investigação.
Não ficou imediatamente claro quando é que Bannon será presente a tribunal, noticia a agência Associated Press.
O procurador-geral Merrick Garland destacou que esta acusação reflete o “compromisso inabalável” do Departamento de Justiça em garantir que se cumpre o estado de direito. Cada acusação acarreta um mínimo de 30 dias de prisão e uma pena de até um ano.
O advogado de Bannon ainda não respondeu a um pedido de reação.
Em 22 de outubro, a Câmara dos Representantes declarou Steve Bannon em desacato ao Congresso por desafiar uma intimação da comissão que investiga o ataque ao Capitólio, por 229 votos a favor e 202 contra, com a maioria dos legisladores republicanos a votar “não”, apesar das consequências potenciais para o Congresso se as testemunhas puderem ignorar as suas requisições.
A votação da Câmara remetia o assunto para o gabinete do procurador dos Estados Unidos em Washington, onde cabe aos procuradores decidir se o caso será apresentado a um grande júri para possíveis acusações criminais.
Também Mark Meadows, ex-chefe de gabinete do ex-Presidente republicano, recusou esta sexta-feira prestar declarações perante a Comissão.
O presidente do painel que investiga o ataque ao Capitólio revelou que também vai recomendar uma acusação por desacato criminal contra Meadows.
“Vou recomendar um [caso de] desacato ao Congresso na próxima semana — da mesma forma que fizemos em relação a Steve Bannon. Provavelmente, faremos a vários outros”, revelou o presidente da comissão da Câmara dos Representantes, o congressista Bennie Thompson.
O advogado do ex-chefe de gabinete de Trump, George Terwilliger, realçou em comunicado que o seu cliente “discorda veementemente” da iniciativa da Comissão para divulgar documentos da Casa Branca que possam implicar o ex-presidente.
Em 6 de janeiro, centenas de manifestantes investiram sobre a polícia para invadir o Capitólio e interromper a confirmação da vitória eleitoral de Joe Biden, na sequência de reiteradas acusações de Trump sobre a existência de fraude eleitoral generalizada, sem fundamentação credível.
O presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, já deu a sua aprovação para a divulgação de cerca de 770 páginas com registos que estão no Arquivo Nacional e que deviam ter sido enviados para o Congresso esta sexta-feira.
Os registos incluem documentos de assessores próximos de Donald Trump, a agenda da Casa Branca, com o relato das suas atividades, viagens, reuniões ou telefonemas.
No entanto, um tribunal federal de recurso norte-americano suspendeu na quinta-feira temporariamente, até 30 de novembro, a libertação dos dados, enquanto analisa um pedido apresentado pelo ex-presidente.
Os advogados de Trump sublinharam que, sem a suspensão, o ex-Presidente “sofrerá danos irreparáveis através de uma negação do direito constitucional e estatutário de ser plenalmente ouvido, devido a um desacordo sério entre o ex-presidente e o atual”.
Mark Meadows usou esta decisão para justificar a recusa em testemunhar. “Seria irresponsável da parte do Sr. Meadows resolver prematuramente esta disputa renunciando aos direitos que estão no cerne desta questão”, salientou a sua defesa.
// Lusa