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Enigmático sorriso de Mona Lisa recebe “segunda opinião médica”

Musée du Louvre / Wikimedia

Mona Lisa (p.), por Leonardo Da Vinci

Desde que foi criada, no início do século XVI, Mona Lisa afirmou-se como uma das obras de arte mais famosas do mundo. Pintada por Leonardo Da Vinci, a obra continua a cativar milhões de pessoas, incluindo médicos e cientistas, que anseiam por justificar o seu enigmático sorriso.  

Alguns dos médicos que analisaram a pintura afirmam que as características evidenciadas pelo artista italiano mostram que Lisa Gherardini estava doente. Um estudo recente,  publicado em setembro passado na Mayo Clinic Proceedings, sustentava que a icónica figura poderia pode ter sofrido de hipotireoidismo.

Agora, um especialista em endocrinologia pediátrica do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, em Houston, nos Estados Unidos, veio defender que o sorriso da “La Gioconda” nada tem a ver com qualquer patologia.

Para Michael Yafi, nada no rosto de Lisa Gherardini indica que tenha sofrido de sífilis ou de um derrame cerebral, outros dos diagnósticos clínicos que lhe foram sendo atribuídos.

“Foi recentemente proposto que [a mulher retratada] sofria de hipotireoidismo grave e que o seu sorriso assimétrico se devia ao atraso psicomotor.” Hoje, no século XXI, Mona Lisa pode receber uma “segunda opinião”?, questiona a nova publicação, sob o título “Mona Lisa é eutireoidiana [função tireoidiana normal]: um diagnóstico moderno”, cujos resultados foram no início de março publicados no jornal especializado International Journal of Endocrinology and Metabolism.

Yafi defende que o tom amarelo da sua pele e o sorriso assimétrico não têm nada a ver com um mau estado da glândula tireoide. Um distúrbio de deficiência de iodo, tal como é sugerido nessa hipótese, teria causado sintomas mais percetíveis, argumenta. “Um pintor talentoso, como era Da Vinci, não teria problema em expressá-los”.

A falta de sobrancelhas é comum na maioria das protagonistas femininas das obras de Da Vinci e não deve ser considerada uma característica única de Lisa Gherardini e ser indicador de problemas hormonais, observa o médico.

Além disso, a pele das pessoas que sofrem de hipotireoidismo adquire uma cor amarelada apenas nos estágios finais. Nas fases mais iniciais da doença, a função da fertilidade é afetada, mas sabe-se que a Mona Lisa deu à luz cinco filhos.

O especialista nota ainda que se a mulher sofresse realmente de um distúrbio associado à fraqueza muscular facial – o que poderia explicar o seu sorriso à luz do estudo de setembro passado -, é possível que [Lisa Gherardini] não pudesse estar sentada enquanto o retrato estava a ser pintado.

“[Da Vinci] teria impedido Gherardini de posar com as costas retas”, argumenta. “Fazer qualquer diagnóstico médico de um indivíduo que aparece num quadro antigo é arriscado”.

“A obra de arte ou a pessoa retratada na obra de arte pode precisar de uma segunda opinião, ou mesmo de uma terceira ou quarta […] É sempre melhor manter a mente aberta”, concluiu o especialista de Houston.

ZAP //

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