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Sobreiro de Montargil já tem o genoma descodificado

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O sobreiro, declarado árvore nacional no final de 2011, já tem o seu genoma revelado graças a um grupo de investigadores portugueses.

O sobreiro de Montargil, escolhido para o projeto de investigação Genosuber, viu o seu genoma ser anunciado ao mundo esta terça-feira.

Uma equipa de cientistas portugueses foi a responsável por descodificar a primeira sequência do genoma do sobreiro, tendo divulgado uma versão preliminar, considerada “uma importante ferramenta para o avanço do conhecimento da genética” da árvore.

Embora se trate de uma versão preliminar, “é muito útil e já é a informação mais completa jamais disponibilizada à comunidade”, disse à Lusa Marcos Ramos, do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo (CEBAL), uma das instituições portuguesas envolvidas no projeto GenoSuber – sequenciação do genoma do sobreiro.

Esta versão é “uma importante ferramenta para o avanço do conhecimento da genética do sobreiro”, em particular para as equipas de investigadores portugueses que “há muito aspiravam aceder à sequência do genoma da árvore para alicerçar os seus trabalhos de investigação científica e de apoio à fileira do sobreiro e da cortiça”.

A versão foi revelada num artigo científico publicado na Nature e está disponível para todo o mundo na base de dados internacional e gratuita do Centro Nacional de Informação Biotecnológica da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.

Através do ‘GenoSuber’, a equipa de cientistas coordenada pelo CEBAL “identificou a sequência de mais de 900 milhões de pares de bases do ADN de uma árvore selecionada”, o sobreiro HL8, que “cresce desde o século XIX na Herdade dos Leitões”, no concelho de Ponte de Sor, distrito de Portalegre.

Esta missão de descodificar o genoma do sobreiro começou no final de 2013, com financiamento comunitário, através do programa InAlentejo, e de vários patrocinadores privados, lembrou o investigador.

Em termos comparativos, “o genoma do sobreiro é maior do que o do arroz, mas tem apenas 1/3 da dimensão do genoma humano“, disse Marcos Ramos. Mas o estudo não vai ficar por aqui. Os cientistas querem “aprofundar e aperfeiçoar” a versão preliminar já tornada pública. Uma versão mais desenvolvida deverá ser divulgada ainda este ano.

Em paralelo, a equipa está também “a investigar os processos biológicos envolvidos na formação e na qualidade da cortiça” e a gerir uma população de sobreiros F1, “a única população de sobreiros com pedigree conhecido”.

O GenoSuber é o maior projeto de sequenciação levado a cabo no nosso país. “É particularmente relevante que tenha incidido sobre o sobreiro, que é um dos maiores símbolos nacionais”, sublinhou o investigador.

O projeto já conquistou o prémio Vida Rural Alqueva, em abril de 2015, e o prémio de Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola, na categoria “Projetos de Elevado Potencial Promovido por Associado do Crédito Agrícola”, em dezembro de 2015.

ZAP // Lusa

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