Só 21% dos alunos com média negativa no 12.º ano têm apoio ao estudo

Paulo Novais / Lusa

Sem surpresas, fatores como o nível de formação do agregado familiar, a sua capacidade económico e o desejo de prosseguir os estudos determinam os números de estudantes que usufruem de apoio escolar.

Em Portugal, a maioria dos alunos do ensino secundário com apoio ao estudo têm notas positivas, com 47% dos alunos que chegaram ao 12.º ano com notas entre 18 e 20 valores a beneficiarem desse complemento. As informações estão presentes num relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação (DGEEC) que o jornal Público cita na edição de hoje. No extremo oposto, dos alunos com notas negativas, apenas 21% tinha o seu estudo apoiado por sessões de explicações. Entre os alunos com notas entre os 15 e os 17 valores, também 43% tinham explicações.

De acordo com os números totais (referentes aos anos letivos de 2014/15 a 2018/19), havia, em 2019, mais 36 mil alunos do 12.º ano a frequentar explicações ou aulas de apoio, o que equivale a 38% dos alunos inscritos no último ano do ensino obrigatório em Portugal. As disciplinas com mais procura para apoio ao estudo são Português e Matemática, sendo este fornecido fora das escolas.

Debruçando-se sobre a realidade dos alunos que frequentavam explicações, o relatório indica que 0,1% apresentavam notas negativas, 54% tinham entre 10 e 14 valores na pauta de classificações, 37% entre 15 e 17 valores, ao passo que os restantes 9% entre 18 e 20 valores.

No que respeita às motivações dos estudantes para procurarem ajuda no sentido de melhorar o seu rendimento académico, 34% destes aponta a necessidade de melhorar notas muito baixas, 27% sugere a preparação para os exames, 23% afirma dever-se à melhoria de notas boas e 16% justifica-se com o apoio na organização do estudo.

Estes números variam de acordo com a situação económica dos agregados familiares em que os estudantes estão inseridos, já que a a necessidade de recorrer a explicações para melhorar notas baixas é apontada sobretudo pelos alunos cujas famílias tinham escolaridade mais baixa. Já os filhos de pais com formação académica mais elevada recorrem ao apoio escolar com o objetivo de serem orientados na organização do estudo e, consequentemente, melhorarem as notas — com a entrada na universidade em cursos de médias elevadas em perspetiva.

De facto, este tipo de serviço é procurado quase em exclusivo por estudantes que pretendem ingressar na universidade (95%), os mesmos que procuram explicações fora da instituição de ensino que frequentam em maior número (80%).

Ao longo dos quatro anos contemplados no relatório, os números relativos aos estudantes do 12.º que recorrem a apoio ao estudo mantiveram-se constantes, com as flutuações a acontecerem no contexto em que este apoio é dado. Ao longo dos anos, a procura por explicações fora da escola aumentou — passou de 24% para 29%.

Entre os 38% dos alunos com apoio, 78% frequentava explicações fora das escolas. Destes, 58% mostravam preferência por um explicador particular, apesar da procura por centros de explicação ter aumentado durante os quatro anos — passou de 35% para 42%.

No que concerne às áreas de estudo, a grande maioria (92%) dos estudantes com aulas de apoio no ano letivo de 2018/19 frequentava os cursos científico-humanísticos. Entre os que estudavam nas escolhas públicas, 52% usufruía de apoio escolar, um valor dez pontos percentuais inferior aos colegas das escolas privadas nos mesmos cursos.

Ana Rita Moutinho, ZAP //

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