SNS24 encaminha crianças para a urgência “sem critério clínico”, diz Ordem dos Médicos do Centro

José Sena Goulão / Lusa

A Ordem dos Médicos do Centro lamentou hoje que a linha SNS 24 esteja a encaminhar crianças “sem critério clínico” para as urgências hospitalares e pediu a definição urgente de “um plano seguro e com medidas inequívocas”.

“Há crianças a ir às urgências hospitalares sem necessidade, não há estruturas extra-hospitalares para a realização de testes às crianças mais pequenas e, nas críticas, nem a linha SNS 24 escapa”, refere a secção regional do Centro da Ordem dos Médicos, num comunicado enviado à agência Lusa.

Na sequência de uma reunião com os diretores de serviço de pediatria dos hospitais da região Centro, a Ordem considera que “a realidade afigura-se bastante problemática“.

“No âmbito de casos suspeitos de covid-19 em crianças e jovens, cada unidade hospitalar tem os seus procedimentos próprios, mas falta clareza nas medidas a adotar nestes casos”, refere o presidente da secção regional da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.

Por este motivo, pede “a intervenção urgente da tutela para que se evitem situações caóticas a nível das instituições de saúde, nomeadamente nos serviços de urgência, nas famílias e nas escolas”.

Segundo Carlos Cortes, as orientações dadas pela linha SNS 24 relativamente a crianças “são frequentemente incorretas do ponto de vista da referenciação, já que muitas situações não urgentes são sistematicamente encaminhadas para os serviços de urgência de pediatria” dos hospitais.

“Sucedem os casos, perante a indefinição de critérios da linha SNS 24, em que as crianças são encaminhadas para os serviços de urgência dos hospitais sem qualquer critério clínico de gravidade que o justifique, sendo, muitas vezes, apenas para a realização de teste SARS-CoV”, acrescenta.

No seu entender, “deve ser reforçada a importância e a necessidade de rever as possibilidades de articulação entre os cuidados hospitalares e os cuidados de saúde primários na orientação das crianças com doença aguda, de forma a tentar evitar o recurso a serviços hospitalares de urgência pediátricos em casos em que tal não é efetivamente necessário em termos clínicos”.

Estes problemas estão descritos numa carta enviada ao Ministério da Saúde, à Direção-Geral da Saúde e à Administração Regional de Saúde do Centro, “para que a tutela promova, de forma urgente”, a articulação entre os serviços hospitalares, os cuidados de saúde primários e as autoridades de saúde pública da região Centro.

“Neste contexto tão exigente e complexo, é necessário, com muita urgência, um documento oficial orientador”, sublinha o presidente da secção regional da Ordem dos Médicos do Centro.

// Lusa

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