A falta de coordenação nestes casos pode ter resultados contraproducentes. Portugal fica à espera.
Marrocos anunciou este domingo que aceitou ajuda, “nesta fase”, de apenas quatro países, na sequência do forte sismo que atingiu o país na sexta-feira: Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos.
A informação foi avançada pelo Ministério do Interior marroquino que, num comunicado, esclareceu que Rabat respondeu favoravelmente, “nesta fase”, às ofertas destes quatro países “para o envio de equipas de busca e salvamento”.
Este esclarecimento surge numa altura em que vários países e organizações, como Portugal, Estados Unidos, França ou a ONU declararam estar disponíveis e em prontidão para prestar ajuda.
O Ministério do Interior afirmou que as autoridades marroquinas efetuaram “uma avaliação precisa” das necessidades no terreno, tendo em conta que “a falta de coordenação nestes casos pode ter resultados contraproducentes”.
Acrescentou ainda que, na fase atual, as autoridades do país magrebino aceitaram a ajuda oferecida pela Espanha, Catar, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos, que “propuseram equipas de busca e salvamento”, e salientou que estas equipas já chegaram ao país e contactaram os seus homólogos marroquinos.
“Com o progresso das operações de intervenção, à medida que a avaliação das eventuais necessidades evolui, isso levaria a recorrer a ofertas de apoio propostas por outros países amigos, segundo as necessidades de cada etapa”, segundo o comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O executivo acrescenta ainda que “aprecia todas as iniciativas de solidariedade provenientes de diferentes partes do mundo, e afirma que respeita esses países”.
“Marrocos deveria aceitar”
Perante o cenário de destruição e sofrimento, a Associação Portuguesa de Busca e Salvamento já disse na Antena 1 que não entende esta decisão.
“Marrocos deveria aceitar. Muitas equipas são autónomas, não interferem com a logística do país. Não consigo precisar o motivo, faz-me um bocadinho de confusão. Poderíamos estar a salvar vidas e não estamos“, reagiu o presidente da associação, Pedro Batista.
O responsável destacou que é essencial encontrar sobreviventes ao longo das primeiras 48 horas. “O tempo está a contar e não conta a nosso favor. Mas tudo é possível, não podemos perder a esperança”, lembrando os “milagres” na Turquia, onde foram resgatadas pessoas com vida após mais de uma semana do sismo.
A Espanha enviou, domingo de manhã, a primeira equipa de socorro da Unidade Militar de Emergência (UME) do exército, composta por 56 militares e quatro soldados do exército marroquino. Outros países, como Portugal, França ou os Estados Unidos da América também disponibilizaram a sua ajuda, mas ficaram a aguardar orientações das autoridades marroquinas.
O primeiro-ministro português, António Costa, salientou este domingo que o país tem equipas de proteção civil e medicina legal em estado de prontidão e que o Governo continua a acompanhar a situação dos portugueses que se encontram em Marrocos. No sábado, Portugal realizou uma operação que permitiu trazer cerca de 140 portugueses que queriam regressar.
O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken também anunciou este domingo que Washington contactou o Governo marroquino, assim como o Presidente francês, Emmanuel Macron, que garantiu que França está pronta para ajudar “no segundo” em que as autoridades marroquinas o solicitem.
Também o Governo argentino ofereceu formalmente ajuda humanitária, tendo colocado à disposição o envio imediato de uma equipa de 28 elementos especializados em busca e salvamento, assim como três toneladas de materiais e suprimentos.
Entretanto, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) vai dar 1,05 milhões de euros (um milhão de francos suíços) para ajudar em missões de resposta ao terramoto em Marrocos.
ZAP // Lusa
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Não há que ficar “confuso” , só se ajuda quem quer ser ajudado , cabe ao Povo Marroquino de reagir a tal decisão !